Academia Sueca responsável pelo Nobel da Literatura perde mais um membro

Jayne Svenungsson é a oitava pessoa a sair ou a ser forçada a deixar o conselho de 18 membros da Academia Sueca desde o início dos escândalos no ano passado.

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Manifestação de apoio à antiga secretária da Academia Sueca depois da sua demissão Reuters/TT NEWS AGENCY

Um membro da academia que concede o Prémio Nobel de Literatura anunciou esta quarta-feira a sua demissão, sendo o mais recente caso de abandono da instituição na sequência dos escândalos de abuso sexual e crimes financeiros que a envolveram.

Jayne Svenungsson é a oitava pessoa a sair ou a ser forçada a deixar o conselho de 18 membros da Academia Sueca desde o início dos escândalos no ano passado.

A emissora sueca SVT informou que Jayne Svenungsson, que entrou em Dezembro, saiu após uma "aturada consideração", adiantando que a responsável alegou querer concentrar-se no seu trabalho a tempo inteiro como professora universitária de Teologia.

O secretário permanente da Academia Sueca, Anders Olsson, disse à agência de notícias sueca TT que "tem sido um ano extremamente difícil para todos". "Posso entender a dificuldade que ela sentiu, enquanto novo membro, para ingressar na academia no meio desta guerra", acrescentou.

Os escândalos levaram a academia a adiar o prémio de literatura de 2018, com a intenção de concedê-lo em 2019. O órgão elegeu, entretanto, três novos membros nas últimas semanas para tentar preencher os lugares vagos.

Os problemas estavam inicialmente centrados em Jean-Claude Arnault, uma importante figura cultural na Suécia e marido da ex-integrante da academia, Katarina Frostenson. Arnault, de 72 anos, foi condenado em Outubro a dois anos de prisão por violação, mas negou qualquer má conduta e recorreu da decisão.

As acusações contra o francês começaram em Novembro de 2017, quando 18 mulheres revelaram a um jornal sueco que haviam sido vítimas de abuso por parte daquele responsável. Uma investigação interna da Academia Sueca descobriu, em Abril, que um "comportamento inaceitável na forma de intimidade indesejada" havia ocorrido dentro das fileiras da prestigiada instituição. Mas um debate interno sobre como enfrentar as falhas da academia na resposta à má conduta dividiu os seus 18 membros em campos hostis. Na sequência disso, vários saíram.

A então secretária permanente, Sara Danius, renunciou em Abril ao mesmo tempo que Katarina Frostenson, levando os observadores a questionarem-se por que razão algumas das mulheres mais talentosas da Suécia aceitaram cair devido à alegada má conduta de um homem.

Muitoas figuras ligadas à promoção da igualdade de género no país expressaram consternação com o escândalo, o que levou a acusações de inclinações patriarcais entre alguns membros da academia.

Na sequência das alegações de abuso sexual, o financiamento anual da Academia Sueca de 126 mil coroas suecas (12 mil euros) para o centro cultural de Jean-Claude Arnault foi imediatamente interrompido.

Jean-Claude Arnault é também suspeito de violar regras centenárias do Nobel, por divulgar antes da hora os nomes dos vencedores do prémio — alegadamente sete vezes desde 1996. "Foi importante e significativo para mim contribuir para a reconstrução da academia no despertar da crise que, ironicamente, coincidiu com a minha entrada", disse Jayne Svenungsson, citada pelos órgãos de comunicação social suecos.

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