Governo tem duas semanas para travar greve dos enfermeiros em cinco centros hospitalares

Recuo dos sindicatos depende de uma proposta de revisão da carreira que o Governo venha a entregar. Greve de quase um mês tem início marcado para dia 22.

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Caso se concretize, greve vai provocar o cancelamento e adiamento de cirurgias programadas Adriano Miranda

Depois da primeira reunião com a nova ministra da Saúde, esta segunda-feira, os enfermeiros continuam a querer fazer greve nos blocos operatórios. O protesto, convocado por dois sindicatos  – os mais recentes, criados há pouco mais de um ano –, acontecerá nos centros hospitalares de São João, Porto, Universitário de Coimbra, Lisboa Norte e Setúbal.

A desmarcação está dependente da proposta de carreira que o Governo apresente até dia 22 deste mês, data de início da greve. Caso contrário esta pode prolongar-se até 31 de Dezembro, com efeitos no cancelamento e adiamento de cirurgias programadas.

“Sem um compromisso concreto do Governo nós não vamos parar a greve. Mas até ao dia 22 haverá com certeza tempo para assinar um compromisso”, diz Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), que convoca a greve juntamente com o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor). 

O pré-aviso de greve abrange os blocos operatórios dos cinco centros hospitalares, garantindo serviços mínimos nas urgências, unidades de cuidados intensivos, tratamentos e cirurgias oncológicos e hemodiálise.

A revisão da carreira de enfermagem é a principal exigência. Querem que se crie a categoria de enfermeiro especialista e de enfermeiro chefe/director, com a respectiva actualização salarial, tal como consta de uma proposta, escrita em formato de lei, que esta segunda-feira os dois sindicatos entregaram à ministra Marta Temido. O documento é semelhante a um que a ASPE entregou ao anterior executivo da Saúde, em Junho deste ano.

A reunião desta segunda-feira, em que também participaram dirigentes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e do Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), serviu para a nova titular da pasta “demonstrar disponibilidade para continuar a negociar” com os enfermeiros, diz José Carlos Martins, presidente do SEP. Algo que agora acontecerá em duas frentes: com o SEP e o SERAM, e com a ASPE e o Sindepor. As primeiras reuniões entre tutela e sindicatos estão marcadas para o próximo dia 15.

Em cima da mesa do lado dos sindicatos estará ainda a contratação de mais profissionais, a revisão da grelha salarial e das condições de acesso à reforma, assim como a recuperação dos 13 anos de tempo de serviço que estiveram congelados.

Para Lúcia Leite, a publicação em breve de um novo diploma de carreira seria “um sinal de boa-fé” do ministério e ditaria o tom das futuras negociações quanto a outras matérias.

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