Web Summit cria fundo para entrar em startups que ajuda a promover

Haverá 50 milhões de dólares de venture capital para ajudar empresas, que serão escolhidas entre as que têm mais atenção na conferência de Lisboa.

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Rafael Marchante / Reuters / Arquivo

O trabalho vinha sendo feito desde Maio, mas a novidade ficou guardada para o primeiro dia da Web Summit, que reunirá mais de 2000 empresas e 1400 investidores em Lisboa durante três dias. A empresa que organiza a conferência constituiu um fundo de capital de risco para investir ela própria em startups. São 50 milhões de dólares, ou 44 milhões de euros, que vão ser geridos por um ex-gestor do Goldman Sachs e por um dos fundadores da Web Summit.

Isto significa que depois de ajudar a promover startups, a Web Summit também vai entrar no capital daquelas que suscitam maior interesse, segundo os dados que tem reunido sobre elas.

Por outras palavras, a empresa liderada por Paddy Cosgrave entra no negócio puro e duro de constituir um portefólio de participações sociais, com base nas informações de que dispõe sobre as empresas que recruta para a grande conferência de tecnologia da Europa.

O fundo chamar-se-á Amaranthine, de acordo com os documentos disponíveis na SEC, o regulador dos mercados mobiliários nos Estados Unidos. "Nós já damos uma grande ajuda a muitas empresas durante três dias. E que tal ajudarmos nos outros 362?", comentou o fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, citado esta manhã pelo Financial Times, que avançou com a notícia da criação do fundo. 

O fundo foi constituído nos EUA, estará sediado no Delaware (um estado norte-americano que funciona como um offshore em termos fiscais), segundo os documentos entregues na SEC. E à frente da gestão ficam Patrick Murphy, que conduzia o venture capital (capital de risco) do Goldman Sachs, e David Kelly, co-fundador do evento que nasceu na Irlanda há seis anos e que, ao fim de três edições, se mudou para Lisboa.

Diz o Financial Times, citando uma fonte não identificada e que diz ser conhecedora da estratégia, que o fundo da Web Summit estará disponível para investir em startups de todas as maturidades, adquirindo participações minoritárias. Mas aquelas que empresas que durante o evento recebem mais atenção, bem como aqueles sectores que estão em alta, estarão na lista de prioridades da Amaranthine.

Face ao valor global que actualmente se movimenta no circuito do venture capital, 50 milhões de dólares é uma gota no oceano. Mas para uma empresa que organiza conferências em Portugal, na Irlanda, no Canadá e em Hong Kong, é um montante de investimento com algum significado. Comparando esse valor, por exemplo, com o ecossistema português, o fundo da Portugal Venture Capital Initiative (PVCI), que faz dez anos em 2018, disponibilizou inicialmente 111 milhões de euros.

Este fundo reunia o governo português e empresas da banca (BPI, Novo banco, Millenium BCP, Montepio, CaixaGest, Bankinter, Santander, Fidelidade, Octante, Fundação Calouste Gulbenkian e PME Investimentos). A iniativa do PVCi pôs em marcha um "fundo de fundos", aos quais se juntaram outros sete fundos de investimento (Pathena, OxyCapital, Menlo, Hcapital, Explorer, Vallis e InterRisco) que investiram mais 320 milhões de euros em Portugal.

Este dinheiro serviu para apoiar meia centena de pequenas e médias empresas, de diferentes distritos portugueses, e de diferentes sectores, do retalho de consumo à propriedade intelectual e industrial, passando pelas ciências da vida e biotecnologia.

Ou seja, o montante da Amaranthine equivale a cerca de um sexto do valor de investimento que a PVCi ajudou a pôr em marcha, numa década, em Portugal, e que, segundo os dados revelados no Verão, ajudou a criar/apoiar 6000 empregos, com cada uma das empresas apoiadas a duplicar, em média, o número de trabalhadores.

Outra forma de olhar para esta novidade é que a Web Summit vai usar a grande quantidade de informação que tem reunido com a organização deste evento para fazer investimentos estratégicos em participações sociais de novas empresas tecnológicas.

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