Enfermeiros marcam greve para cinco centros hospitalares. Paralisação vai durar mais de um mês

Paralisação com início a 22 deste mês abrange os blocos operatórios dos centros hospitalares de São João, Lisboa Norte, Universitário de Coimbra, Porto e Setúbal. Enfermeiros pedem mais profissionais e a revisão da carreira.

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Adriano Miranda

A greve dos enfermeiros que se inicia a 22 deste mês, e que está marcada até 31 de Dezembro, vai incidir em cinco centros hospitalares, mais dois do que o inicialmente previsto. A paralisação, que surge na sequência de uma angariação de fundos por um movimento de enfermeiros, abrange os blocos operatórios dos centros hospitalares de São João, Lisboa Norte, Universitário de Coimbra, Porto e Setúbal.

O período de angariação de fundos termina às 18 horas de segunda-feira, mas o objectivo já foi alcançado. O grupo, que se intitula Greve Cirúrgica, pedia 300 mil euros para assegurar os vencimentos dos enfermeiros dos blocos operatórios que durante mais de um mês estarão em greve. O valor foi alcançado na última sexta-feira, mas o apoio à paralisação continua a crescer. Às 18 horas deste sábado tinham angariado 318.452 euros.

Receberam donativos de enfermeiros portugueses no estrangeiro, estudantes e de enfermeiros reformados, de amigos e familiares e de médicos. “Foi muito bom atingir a meta antes de terminar o prazo, o que torna este resultado ainda mais vitorioso. Ver estes resultados e a união dos enfermeiros deixa-nos muito contentes”, disse Catarina Barbosa, uma das fundadoras do movimento Greve Cirúrgica, que acrescentou: “É importante continuar a contribuir para podermos ajudar mais colegas através do fundo”.

O pré-aviso de greve foi feito pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal e pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros. Estão abrangidos “todos os turnos que comportam as 24 horas dos dias enunciados de forma ininterrupta”, diz o documento. Todos os enfermeiros destes cinco centros hospitalares estão salvaguardados pelo pré-aviso de greve, que garante a existência de serviços mínimos. Caso das urgências, unidades de cuidados intensivos, tratamentos e cirurgias oncológicos e hemodiálise.

Mas o foco da paralisação são os blocos operatórios, com o cancelamento e adiamento de cirurgias programadas, “causando constrangimentos económicos ao Estado que teima em não dar resposta às pretensões dos enfermeiros, que o próprio reconhece como legítimas”, explica o grupo na página de angariação de fundos. Pretensões que passam pela contratação de mais profissionais, a negociação da carreira com a criação da categoria de enfermeiro especialista e de enfermeiro chefe/director, a revisão da grelha salarial e das condições de acesso à reforma e a recuperação dos 13 anos de tempo de serviço que estiveram congelados.

Acreditamos que vamos ser ouvidos. Este esforço tem esse objectivo. Sabemos que vamos sofrer pressões, ameaças, que vamos estar debaixo de fogo. Mas estamos dispostos a lutar”, afirma Catarina Barbosa, salientando que esta é uma luta também pelos doentes. “Profissionais exaustos não conseguem dar o seu melhor. Não queremos prejudicar mais os doentes. Se continuarmos sem fazer nada, somos cúmplices. Queremos estar em pleno para dar o nosso melhor.”

Corrige o valor angariado no sábado às 18 horas. O valor era de 318.452 euros e não 218.452 como erradamente se escreveu. Pelo lapso, pedimos desculpas.

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