A obra final de Leonard Cohen é agora revelada em livro

Na altura em que se completam dois anos sobre a morte do cantor, compositor e poeta canadiano, é lançada uma espécie de autobiografia póstuma que integra poemas, letras e notas soltas.

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Reuters/ELOY ALONSO

Na próxima quarta-feira, 7 de Novembro, completam-se dois anos sobre a morte de Leonard Cohen, tinha então 82 anos. Coincidindo com a data é agora editado o livro póstumo The Flame, que reúne poemas, letras de canções dos últimos álbuns, escritos inéditos, apontamentos soltos e o discurso de agradecimento quando foi laureado com o prémio Príncipe das Astúrias, numa espécie de autobiografia dos últimos anos de vida.

O músico e poeta canadiano trabalhava na obra quando morreu, e, no prefácio, o seu filho, Adam Cohen, escreve que “o livro contém os últimos esforços do [meu] pai como poeta”, adiantando que nos últimos tempos era a organização da obra que o mantinha vivo e com um objectivo em vista.

A estrutura foi estabelecida pelo próprio Leonard Cohen (1934-2016), com uma primeira parte constituída por 63 poemas, uma segunda que compila as letras dos seus três últimos álbuns (mais as correspondentes ao álbum Blue Alert, de 2006, que gravou com Anjani Thomas) e um terceiro bloco com notas soltas e o discurso de aceitação do importante prémio espanhol. As páginas são enriquecidas com abundantes ilustrações e auto-retratos do poeta-cantor envelhecido. Aliás, a maior parte dos poemas centram-se na passagem do tempo e na sombra da mortalidade, sem deixarem de focar outras temáticas que sempre o ocuparam, como a atracção erótica. Há, de resto, um poema que foca o seu enamoramento pela conhecida cantora Nico, no início do percurso do grupo Velvet Underground, nos anos 1960.

O que já tinha sido revelado há algumas semanas foi um poema mordaz dirigido ao rapper Kanye West (Kanye West is not Picasso), que aparentemente terá sido inspirado por comentários deste, que terá dito a estudantes da Universidade de Oxford que, caso tivesse estudado belas-artes, seria igual ou melhor do que Picasso.

No extremo oposto, a exaltação da humildade, existe um poema onde, durante um sonho, Cohen imagina estar a partilhar o palco com Tom Waits, classificando a sua música e a sua forma de cantar como maravilhosas. Também abordados são o estado sombrio do mundo nos últimos anos, a sua passagem por um mosteiro budista na década de 1990, bem como o último encontro com o seu mestre zen, Roshi – acusado entretanto de abusos sexuais –, numa espécie de autobiografia poética que percorre os seus 82 anos de vida.

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