Tancos: ministro da Defesa e chefe do EME avaliam o que “correu mal”

“Não podemos imaginar que um episódio, por terrível que tenha sido, sirva para abalar a confiança que o Exército e as Forças Armadas nos merecem”, disse João Gomes Cravinho.

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João Gomes Cravinho considera que o caso "não abala minimamente" a imagem de "uma instituição secular" LUSA/HUGO DELGADO

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, afirmou nesta segunda-feira que está a trabalhar com o chefe do Estado-Maior do Exército (EME) na identificação do que “correu mal” no “caso de Tancos” e espera apresentar “em breve” o resultado dessa avaliação.

“O ‘caso de Tancos’ é evidente que representa uma situação que correu mal, que está a ser corrigida e eu estou a trabalhar com o chefe do EME na identificação daquilo que correu mal e na assunção de todas as lições que se podem aprender desse caso”, declarou.

João Gomes Cravinho falava aos jornalistas no final de uma cerimónia militar, junto à Torre de Belém, Lisboa, para assinalar a primeira visita ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) enquanto titular da pasta da Defesa.

A deslocação do governante ao EMGFA marca o início de um conjunto de visitas aos ramos, num programa que incluirá visitas aos paióis militares, visando fazer o ponto da situação das medidas adoptadas para o reforço da segurança no armazenamento de armas, munições e outro material militar, na sequência do furto de Tancos em Junho do ano passado, disse à Lusa fonte da Defesa.

Questionado sobre o impacto do furto de Tancos na imagem das Forças Armadas, João Gomes Cravinho considerou que “não abala minimamente” a imagem de “uma instituição secular” e, em particular, do Exército. “Não podemos imaginar que um episódio, por terrível que tenha sido, sirva para abalar a confiança que o Exército e as Forças Armadas nos merecem”, disse.

O ministro adiantou que “em breve” haverá uma “divulgação completa” das conclusões da avaliação que está a ser feita com o novo chefe do EME, general Nunes da Fonseca, para identificar “as lições” a retirar do caso. Em paralelo, acrescentou, decorre uma auditoria determinada pelo anterior ministro, Azeredo Lopes, à Polícia Judiciária Militar, cujas conclusões serão conhecidas “antes do final do ano”.

A visita do governante ao EMGFA inclui uma deslocação ao Centro de Comando das operações, em Oeiras, onde assistirá a apresentações, à porta fechada, sobre a actividade das forças nacionais destacadas nos vários teatros no exterior.

Depois da desactivação dos paióis nacionais de Tancos, determinada pelo anterior chefe do EME, Rovisco Duarte, o material de guerra do Exército foi transferido para os paióis do ramo localizados em Santa Margarida, e da Marinha (Marco do Grilo). O furto de material militar dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército a 29 de Junho de 2017.

“Lições foram aprendidas”

Um dia antes, João Gomes Cravinho tinha já sublinhado ser “fundamental ter a garantia que as lições foram aprendidas” com o “caso Tancos” e que no “próximo par de semanas” será possível divulgar resultados da auditoria à Polícia Judicial Militar (PJM) em curso.

Fonte do Ministério da Defesa explicou à Lusa que Gomes Cravinho referia-se aos “resultados da auditoria extraordinária aos procedimentos internos da PJM, bem como às acções de investigação criminal desenvolvidas e promovidas por aquele corpo superior de polícia criminal, sendo que o relatório deverá estar concluído até ao final do ano”, investigação essa pedida a 4 de Outubro ainda pelo anterior titular da pasta da Defesa, Azeredo Lopes.

Em resposta à pergunta sobre se o roubo de armas dos paióis de Tancos e a descoberta de uma alegada encenação por parte da PJM para encobrir o desaparecimento e a descoberta das armas abalaram a confiança no Exército, o ministro foi peremptório: “A confiança [dos portugueses] nunca deixou de estar lá”, disse.

“Naturalmente que houve coisas que não correram bem, mas o fundamental é agora sabermos, termos a certeza de que as devidas lições foram aprendidas”, disse o governante no domingo. Sobre o que poderá mudar no Exército e na PJM, o ministro adiantou que “aquilo que vai mudar é a correcção do que correu mal” e que isso “está num processo de examinação”.

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