Atirador da sinagoga de Pittsburgh usava uma rede social de anti-semitas

As vítimas do ataque incluem uma mulher de 97 anos e um casal de 80. Robert Bowers usava uma plataforma frequentada por neonazis e supremacistas brancos.

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Vigília em Pittsburgh pelas vítimas VINCENT PUGLIESE/REUTERS

O atirador que atacou uma sinagoga em Pittsburgh, matando 11 pessoas, foi acusado de 29 crimes federais, e alguns podem resultar na condenação à pena capital. Robert Bowers, de 46 anos, não era conhecido das autoridades antes do ataque de sábado, quando entrou na congregação armado com uma metralhadora e três pistolas, a gritar “todos os judeus têm de morrer”, mas publicava frequentemente online ameaças anti-semitas e partilhava teorias da conspiração à volta dos judeus.

Bowers era um utilizador regular da plataforma Gab, uma rede social que é muito associada a neonazis e supremacistas brancos. Momentos antes do ataque, publicou nesta rede - que se anuncia como um reduto da “liberdade de expressão” - uma última mensagem, diz o New York Times. “Não posso continuar a ver a minha gente a ser morta. Estou-me a marimbar para o que acham, vou avançar”, escreveu.

O facto de Bowers usar a plataforma levou a empresa que a alojava nos seus servidores a tirá-la da Internet, e a empresa de processamento de pagamentos online Stripe, que era usada pela Gab, deixou de receber os pagamentos dos utilizadores pelo acesso, relata o jornal de Nova Iorque. A Paypal fez o mesmo.

A Gab deixou um apelo directo ao Presidente Donald Trump no Twitter: “Isto é um conluio directo entre os grandes gigantes da tecnologia. @realDonaldTrump ACT!”

No ano passado, a Google expulsou a aplicação da Gab da sua loja porque não havia moderação para excluir conteúdos de ódio. A Apple já tinha feito o mesmo. Em Agosto, diz ainda o New York Times, a Microsoft tinha ameaçado cortar o acesso da aplicação ao seu serviço de conteúdos depois terem surgido publicações no site a defender violência genocida contra judeus. Essas publicações acabaram por ser retiradas.

Andre Torba, o empresário que fundou a Gab em 2016, disse estar cansado com a “censura de esquerda de Silicon Valley”, e com o “politicamente correcto", que considerou "um cancro do discurso e da cultura”. Torba diz agora que está a colaborar com as autoridades. “Não teríamos estas provas se não fosse a Gab. Estamos orgulhosos de poder trabalhar com a polícia elevar este alegado terrorista à justiça”, escreveu, numa resposta ao jornal nova-iorquino.

A polícia de Pittsburgh revelou neste domingo a identidade das vítimas, que incluem uma mulher de 97 anos, dois irmãos e um casal com idades na casa dos 80 anos. A comunidade do bairro judeu de Squirrel Hill juntou-se para homenagear as vítimas.

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