E se levantarem o bloqueio a Cuba?

Cuba não se diminui face ao mais severo sistema de sanções unilateral aplicado contra qualquer país.

Como teria sido Cuba, se a tivéssemos construído sem o bloqueio, sem as limitações económicas, financeiras e comerciais que os Estados Unidos impuseram à nossa ilha durante 56 anos? Ocasionalmente, paro para pensar sobre o que teria sido e acabo a imaginar o que poderia ser.

Pôr em prática todos os meios possíveis para “enfraquecer a vida económica de Cuba (...) com o objectivo de provocar fome, desespero e a queda do governo”. [1] Essa foi parte da estratégia em relação a Cuba, aprovada em Abril de 1960 pelo subsecretário de Estado para os Assuntos Interamericanos, Roy R. Rubottom, estratégia que ainda se mantém mais de meio século depois.

O bloqueio contra Cuba é real e palpável no quotidiano dos cubanos. Longe de ajudar, dificulta, obstrui e inibe o desenvolvimento normal da nossa nação. Além disso, a sua natureza extraterritorial sujeita as relações económicas e comerciais com países terceiros a condições de perseguição.

Não é apenas uma questão de dinheiro, embora os 933,6 milhares de milhões de dólares de prejuízos acumulados durante quase 60 anos [2] por causa dessa política não sejam desprezíveis — é um problema da humanidade. Os Estados Unidos violam os direitos humanos mais básicos dos cubanos, a Carta das Nações Unidas e as regras do comércio internacional.

No período recente, a maior ilha das Antilhas tem sido confrontada com a recrudescência dessa política e o retrocesso das relações bilaterais condicionadas pelo governo dos EUA. Ao mesmo tempo, o povo cubano, com o seu ritmo, apega-se à Revolução e à sua nova geração de líderes.

Cuba não renuncia às suas muitas realizações, à sua “criação heróica”. Não fecha os olhos diante dos problemas mais urgentes, mesmo se vêm das nossas entranhas ou para além dos nossos mares. Não se diminui frente a uma situação tão complexa como é o sistema de sanções unilateral mais abrangente, severo e prolongado aplicado contra qualquer país. Recebe a solidariedade dos povos do mundo e muda o que deve ser mudado em busca dos seus sonhos de justiça.

Passaram-se 56 anos, oito meses e alguns dias desde que o John F. Kennedy assinou a Proclamação 3447 [3], a primeira de um edifício de medidas executivas e legislativas para alcançar a consolidação da política de bloqueio contra Cuba. A maioria dos países nas Nações Unidas [4], os cubanos residentes fora da ilha e os cidadãos americanos [5] apoiam o levantamento do bloqueio; inclusive mais de uma pessoa no establishment americano tem dito que o isolamento de Cuba não funcionou.

Eu não renuncio ao meu sonho e pergunto-me: e se levantarem o bloqueio, o que?...

[1] Foreign Relations of the United States, 1958-1960, Cuba, Volume VI; https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1958-60v06/d499

[2] Informe de Cuba en virtud de la presentación de la resolución 72/4 de la AGNU; http://www.cubavsbloqueo.cu/sites/default/files/InformeBloqueo2018/informe_cubavsbloqueo2018interactivo.pdf

[3] Proclamation 3447 — Embargo on All Trade with Cuba; http://www.presidency.ucsb.edu/ws/?pid=58824

[4] Asamblea General aprueba resolución contra el bloqueo a Cuba con 191 votos; https://news.un.org/es/story/2017/11/1421421

[5] Engage Cuba Polling; https://www.engagecuba.org/polling/

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