Eleitores de Haddad em Portugal pedem mais segurança nas secções de voto

Bloco de Esquerda perguntou à Administração Interna se haverá polícia junto às secções de voto na segunda volta.

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Rui Gaudêncio

Depois dos episódios de agressão registados em Lisboa durante a primeira volta da eleições brasileiras, a 7 de Outubro, um grupo de eleitores apoiantes de Fernando Haddad (candidato do Partido dos Trabalhadores, esquerda), quer ver garantidas as condições de segurança para ir de novo às urnas em Portugal.

No domingo, os brasileiros, dentro e fora do Brasil, elegem o seu próximo Presidente entre os candidatos Fernando Haddad e Jair Bolsonaro (extrema-direita, reprsentante do Partido Social Liberal).

Uma comissão de estudantes e investigadoras brasileiras da Universidade de Coimbra reuniu-se no início desta semana com o deputado do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza, que recebeu uma carta subscrita por 360 brasileiros a pedir precauções “para evitar hostilidades, agressões físicas e verbais contra eleitoras e eleitores do candidato Fernando Haddad" quando voltarem às urnas.

Numa nota enviada às redacções, Isabel Aparecida Felix, pós-doutoranda no Centro de Estudos Sociais da Universidad ede Coimbra, refere que o pedido de “protecção e apoio do governo português” para a segunda volta se prende com as “agressões por parte de eleitores do candidato Bolsonaro, criando constrangimento às pessoas que votaram em Haddad” na primeira volta.

A investigadora explica ao PÚBLICO que, tendo votado no Porto, não presenciou o que se passou em Lisboa. Também lhe chegaram relatos de intimidações no Norte do país. “Estamos preocupados com a segunda volta, mas também com o pós-eleitoral”, dado o “grande número de brasileiros” que votam Bolsonaro a viver em Portugal, diz Isabel Felix.

Na quarta-feira, o Bloco de Esquerda perguntou ao Ministério da Administração Interna se o Governo  tem um “plano de colocação de forças da ordem junto aos locais de votação de cidadãos brasileiros no  domingo”, de forma a “garantir que o acto eleitoral decorrerá de acordo com as exigências de liberdade e de isenção”.

No documento, os deputados Joana Mortágua e Manuel Pureza fazem  referência a dois episódios “extremamente graves”: o primeiro, de relatos escritos e registos vídeo” que “dão conta de que apoiantes da candidatura de Jair Bolsonaro se juntaram à porta” das secções de voto em Lisboa e que “intimidaram abertamente” quem não evidenciasse apoiar o seu candidato; o segundo, de um casal brasileiro que, na Praça do Comércio, também em Lisboa, a 18 de Setembro, foi “intimado por agentes da PSP” no sentido de não exibir “uma pequena folha A4 com os dizeres 'Lula Livre'” e de apagar “as fotos tiradas com esse pequeno cartaz da memória do seu telefone móvel”.

O Bloco quer saber se o Governo tem conhecimento destas duas situações “e de outras em que se tenha verificado uma violação das liberdades básicas”, mas também se foi instaurado algum inquérito aos agentes da PSP que terão “proibido de exibir um pequeno cartaz com a mensagem política e obrigado a apagar registos fotográficos”.

Há cerca de 40 mil brasileiros residentes em Portugal aptos para votar, sendo que mais de metade o faz em Lisboa. Os restantes fazem-no no Porto ou em Faro. Na primeira volta, o candidato de extrema-direita obteve a maior percentagem dos votos (56%), seguindo-se Fernando Haddad e Ciro Gomes.

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