Ex-director da Polícia Judiciária Militar em silêncio perante o Ministério Público

O ex-director da PJM coronel Luís Vieira, que se encontra em prisão preventiva, foi chamado ao DCIAP, mas decidiu não prestar esclarecimentos aos procuradores.

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Ex-director da Polícia Judiciária Militar Luis Vieira remeteu-se nesta terça-feira ao silêncio no DCIAP NUNO FERREIRA Santos
Advogado e coronel Rui Baleizão
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Advogado do coronel Luís Vieira, coronel Rui Baleizão, à entrada no DCIAP esta terça-feira Nuno Ferreira Santos

O ex-director da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira remeteu-se nesta terça-feira ao silêncio perante os procuradores do Ministério Público que investigam o caso do aparecimento das armas furtadas em Tancos.

“O meu constituinte usou do direito legal de não prestar declarações, manteve as declarações do primeiro inquérito de arguido detido. Considera que o silêncio é a melhor resposta e estamos cientes que o tempo se vai encarregar de trazer toda a verdade”, disse aos jornalistas o advogado Rui Baleizão, após uma hora e meia de presença no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

O ex-director da PJM coronel Luís Vieira, que se encontra em prisão preventiva, foi chamado ao DCIAP, mas decidiu não prestar esclarecimentos aos procuradores, alegando também que não quer “perturbar e contribuir para mais intoxicação daquilo que é a informação que tem vindo a denegrir entidades e instituições”, acrescentou o advogado.

O coronel Luís Vieira está entre os nove arguidos constituídos no âmbito da Operação Húbris, que investiga o reaparecimento do material de guerra de Tancos. Foi o primeiro a ser detido, quando a Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária lançou uma operação em larga escala no dia 25 de Setembro, no quadro da qual deteve outros militares e um civil e fez buscas domiciliárias. 

Outros elementos da PJM e militares da GNR foram detidos na mesma ocasião para interrogatório, bem como um ex-fuzileiro, José Paulino, único civil constituído arguido e um dos presumíveis autores do roubo. 

Paulino está preso preventivamente, à semelhança do coronel Luís Vieira – este último no Estabelecimento Prisional Militar de Tomar. Sobre o seu primeiro interrogatório, perante o juiz de instrução criminal, surgiram duas versões: a primeira referindo que Luís Vieira teria declarado ter conhecimento da operação, apresentando-a como uma operação no interesse nacional, que permitiu a recuperação das armas; a seguinte dizendo que, enquanto director-geral da PJM, na altura, tinha tido conhecimento administrativo mas não operacional do esquema montado para recuperar em Outubro o material de guerra desaparecido dos Paióis Nacionais de Tancos em Junho.

A todos os nove arguidos (um civil, três militares da GNR e cinco da PJM) são imputados factos susceptíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas.

A investigação ao reaparecimento do material de guerra na região da Chamusca prossegue sob a direcção do Ministério Público do DCIAP com a coadjuvadação da UNCT da PJ. Também continua a investigação ao assalto, ainda sem arguidos constituídos. 

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