Em meia hora, eles recolheram mais de 3000 beatas no campus da U. Aveiro

Estudantes universitários e voluntários da Associação BioLiving juntaram-se, esta quinta-feira, 18 de Outubro, para apanhar beatas do chão. No próximo mês, voltam à luta.

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Adriano Miranda
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Pedro Valente estava a contá-las. “Já vou em 130”, apontava, aos primeiros minutos da acção “Campus Sem Filtros”, que esta quinta-feira, 18 de Outubro, decorreu na Universidade de Aveiro (UA). Uma autêntica caça à beata que culminou na recolha de um total de 3221 beatas do chão, no espaço de apenas 30 minutos e com uma equipa de 15 voluntários. Foi apenas uma de várias batalhas, pois a guerra adivinha-se difícil: por minuto, em Portugal, são atiradas para o chão cerca de 7000 beatas. Em Novembro, em data ainda a fixar, os voluntários da Associação BioLiving, em conjunto com o Núcleo de Estudantes de Biologia da UA, voltam a calçar luvas descartáveis e a apontar os olhos para o chão.

“É uma luta que tem de continuar. Além de ser necessário recolher todas as beatas que estão no chão, também é importante que os fumadores nos vejam e pensem duas vezes antes de atirar uma beata”, realça Sofia Jervis, da BioLiving. Alguns já parecem estar sensibilizados, como é o caso de Beatriz Mano, estudante de mestrado que estava a apagar o cigarro na altura em que os voluntários iniciavam a operação. “Não contribuo para isto. Além de usar filtros biodegradáveis, tenho sempre o cuidado de pôr a beata no cinzeiro ou de usar uma caixinha para guardar beatas”, garante a aluna de Biologia.

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Mas nem todos têm esse cuidado. “Porque a beata é uma coisa pequena e o gesto já é quase automático ou até por não terem consciência que elas têm plástico na sua constituição”, enquadra a representante da associação presidida pela bióloga Milene Matos – já distinguida com o Prémio Internacional Terre de Femmes. E, certamente, muitos também desconhecerão que uma beata pode demorar até 12 anos a decompor-se.

Podem ouvir-se reparos de que “em Portugal, há poucos cinzeiros nas ruas”, mas “nas praias, onde há cinzeiros para as pessoas levarem para areia, é o que se vê”, lamenta Sofia Jervis. Urge mudar mentalidades, explicar que “aquele bocadinho de filtro está repleto de químicos, substâncias que vão parar aos oceanos e ao solo, e podem entrar na cadeia alimentar”, reforça a representante da BioLiving.

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As 3221 apanhadas no campus da UA serão remetidas ao grupo 10 Milhões na Berma da Estrada, que está a preparar uma instalação artística feita com pontas de cigarro. O ideal, confessa Sofia Jervis, seria “já existir no país uma unidade de reciclagem de beatas, como acontece, por exemplo, em França”. Mas ainda que se façam recolhas de beatas para depois as encaminhar para aterros “consegue-se reduzir a pegada ecológica, já que se evita que vão parar ao mar”, assegura a representante da BioLiving.

“Não gosto de ter a casa suja e esta é a nossa casa maior”

Para Diana Pinheiro, outra das 15 voluntárias que respondeu ao desafio “Campus Sem Filtro”, a questão é mais abrangente e não se resume apenas à quantidade de beatas que são atiradas para o chão. “É tudo o que é lixo”, especifica, reconhecendo que ver alguém a atirar coisas para o chão a deixa bastante incomodada. “Não gosto de ter a casa suja e esta é a nossa casa maior”, defende, com afinco. É por isso que, sempre que pode, participa em acções de limpeza. “De forma voluntária e apartidária”, brinca a estudante do mestrado de Ecologia Aplicada da UA. E sim, também chama a atenção quando vê alguém da sua idade ou mais novo a atirar lixo. “Pergunto se em casa também o fazem”, repara.

Fumadora, tal como as suas colegas Raquel Morais e Sandra Ascensão, Diana Pinheiro assegura que não há desculpas para atirar uma beata ao chão. “Se não houver um cinzeiro por perto, guarda-se a beata até encontrar um”, defende, em uníssono com as amigas que a acompanharam nessa missão de recolher o maior número de beatas possível. Passaram a pente fino os montes de folhas caídas e os cantos relvados, que “são os piores locais para encontrar as beatas”, e deram um importante contributo para um “Campus Sem Filtros”.

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