Surto de ébola no Congo ainda não é ameaça de saúde pública internacional

O Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde reunido em Genebra alertou que a situação pode piorar caso não se aumente a resposta ao surto.

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À esquerda, Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS; e, à esquerda, Robert Steffen, presidente da reunião de emergência durante a conferência de imprensa SALVATORE DI NOLFI/EPA/LUSA

O Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu esta quarta-feira numa reunião em Genebra (Suíça) que o surto de ébola na República Democrática do Congo ainda não é uma ameaça de saúde pública de âmbito internacional. Mas, em comunicado sobre esta reunião urgente (só marcada na segunda-feira), a OMS declarou estar “profundamente preocupada” com este surto, referindo que a situação pode piorar caso a resposta não seja intensificada e que a vigilância é crucial.

“Temos algum optimismo que este surto irá ser controlado em tempo razoável”, disse Robert Steffen, presidente do comité numa conferência de imprensa na sede da OMS, em Genebra. Ao declarar-se uma emergência de saúde pública de âmbito internacional, a primeira desde o surto do vírus Zika na América Latina em Fevereiro de 2016, poderia aumentar-se o ritmo de resposta, mas Robert Steffen disse que havia também algumas desvantagens, como restrições de viagens e de transportes. O comité referiu que era particularmente importante que tais restrições não fossem impostas.

Robert Steffen apontou ainda que o surto tem sido combatido com uma forte resposta. Foi “bastante mitigada” numa província do Nordeste da República Democrática do Congo, mas “ ganhou força” noutra região.

Aliás, este comité reuniu-se precisamente porque o surto piorou nas últimas semanas e há o risco de se espalhar do Nordeste do Congo para o Uganda e o Ruanda. Só na última semana, houve a confirmação que 33 pessoas com ébola e que 24 delas morreram, informou o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo na segunda-feira. Este ministério disse ainda que 73 doentes tinham recebido novos tratamentos experimentais: apenas metade recuperou, 20 deles continuava no hospital e os restantes morreram.

Este surto foi declarado no Nordeste do país a 1 de Agosto – dias depois de um outro que matou 33 pessoas no Noroeste do país ter sido dado como terminado. Até segunda-feira, segundo a OMS, foram registados 216 casos de ébola do actual surto (181 confirmados e 35 prováveis) e 139 mortes (104 confirmados e 35 prováveis).

Um dos problemas do actual surto são os problemas de segurança, a deslocação de pessoas e um comércio intenso com os vizinhos Ruanda e Uganda. No comunicado, a OMS também frisou que “a situação de segurança é muito complexa”. E assinalou que nove países vizinhos tinha sido avisados sobre o elevado risco de propagação do surto e que já tinham sido apoiados com equipamento e recursos humanos. Em particular, em sido dada atenção em termos preparação para o ébola ao Uganda, Ruanda, Burundi e Sudão do Sul.  

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