Portugueses com pouco interesse nas europeias e baixa confiança nos partidos

Mesmo assim, num referendo como o do "Brexit", 74% dos portugueses quereriam ficar na UE.

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STEPHANIE LECOCQ/reuters

Apesar de a maioria dos portugueses querer estar na União Europeia (UE), ainda há 60% que acreditam que a sua voz não conta e 65% que tendem a não confiar nos partidos. Numa altura em que se aproximam as eleições europeias, o último Eurobarómetro revela ainda que 56% dos portugueses não estão interessados nestas eleições e que 53% provavelmente não irão votar.

Esta é uma face de um retrato que inclui, porém, outros dados mais animadores para as instituições europeias. Por exemplo: se houvesse, em Portugal, um referendo semelhante àquele que levou ao "Brexit", 74% dos portugueses votariam a favor da permanência do país na UE — a média indica que 66% dos europeus votariam a favor de ficar, o que leva as instituições europeias a acreditar que a imagem da UE continua positiva, apesar do "Brexit". Portugal também não parece contaminado: quando se trata de perceber se beneficia ou não de ser membro da UE, 78% dos portugueses consideram que sim.

O que revela mais o estudo de opinião do Parlamento Europeu (PE) sobre Portugal em concreto? Que 67% dos portugueses pensam que o facto de Portugal fazer parte da UE é “uma coisa boa” — trata-se de um crescimento de dois pontos percentuais face a Abril, data do Eurobarómetro anterior. Neste ponto, a média europeia é de 62%, “o valor mais alto registado nos últimos 25 anos”, sublinha a nota de imprensa enviada pelo gabinete de comunicação do PE, acrescentando ainda que “68% dos europeus consideram também que o seu país beneficia com a pertença à UE” e que este é “o valor mais elevado desde 1983”.

Por que é que os portugueses consideram benéfico serem membros da UE? Por entenderem que traz novas oportunidades de trabalho; porque contribui para o crescimento económico; e porque melhora o nível de vida dos portugueses.

Portugueses sem voz

Já no capítulo que avalia a vida democrática na UE, o primeiro dado não é tão animador: a maioria dos portugueses considera que a sua voz não conta na UE — 60% contra a minoria de 36% que entende que conta. Mais: 65% dos portugueses tendem a não confiar nos partidos (a média europeia é de 68%), só 32% tende a confiar (a média é 27%).

Apesar disso, são 61% dos portugueses aqueles que se mostram satisfeitos com a forma como a democracia funciona na UE. Um número que sobe para 69%, quando se trata de avaliar positivamente a forma como funciona a democracia em Portugal.

No que toca à imagem que têm do PE, 43% dos portugueses classificam-na como positiva (a média neste ponto é 32%); 41% como “neutra” e 11% como negativa.

Ir ou não ir às urnas?

Sobre se gostariam de ver o PE desempenhar um papel mais ou menos importante, 64% dos portugueses responderam que gostariam que fosse mais importante; 27% queriam esse papel menos importante.

A igualdade entre homens e mulheres; a protecção dos direitos humanos a nível mundial e a solidariedade entre os Estados-membros da UE são os valores que, na opinião dos portugueses, o PE deveria defender como prioritários.

O Eurobarómetro revela também que 63% dos portugueses ainda não conhecem a data das próximas eleições europeias, que vão realizar-se em Maio de 2019. E que 56% dos portugueses não estão interessados nestas eleições (a média de europeus não interessados é de 47%). Há ainda 53% dos portugueses que provavelmente não irão votar nesse sufrágio (a média de europeus que poderá não votar é de 33%). No Eurobarómetro anterior, apenas 14% dos portugueses considerava extremamente provável ir às urnas nas europeias — agora é de 12 essa percentagem.

Apesar deste afastamento, há temas que os cidadãos gostariam de ver debatidos na campanha, tais como a economia e crescimento, e o combate ao desemprego jovem.

“Na altura em que os detalhes do acordo da saída do Reino Unido estão a ser finalizados, estes dados revelam uma crescente apreciação dos benefícios de pertencer à União Europeia. No entanto, há ainda muito trabalho a fazer. É essencial continuar a cooperação e solidariedade a nível europeu para responder às preocupações dos cidadãos”, diz o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, citado no comunicado de imprensa sobre o estudo divulgado nesta quarta-feira.

O inquérito decorreu entre 8 e 26 de Setembro, nos 28 Estados-membros, junto de 27.474 europeus com idade igual ou superior a 16 anos, que responderam presencialmente em entrevistas conduzidas pela empresa de consultoria e pesquisas, Kantar Public.

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