Um hotel de luxo aberto ao mundo e aos vizinhos

A cadeia espanhola chegou a Portugal há um ano. Em Lisboa, o hotel de cinco estrelas, além das salas de conferências e de reuniões, tem também um restaurante, um spa e duas piscinas que podem ser usadas por quem vier de fora.

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É numa corrida contra o tempo que chegamos ao Iberostar. Há uma massagem marcada e o táxi demora a chegar. O hall de entrada é imponente e confirma que entramos num hotel de luxo em pleno coração de Lisboa, mesmo por trás do Marquês de Pombal, a piscar o olho ao Parque Eduardo VII e às lojas mais caras da cidade. O atendimento não podia ser mais atencioso e compreensivo. Afinal, estamos mesmo em cima da hora de entrar no spa. O percurso até ao piso -3 faz-se num ápice e o sorriso de Helena Marques, a terapeuta e responsável pelo espaço, transmite-nos calma. Ainda não aconteceu nada e já começamos a relaxar de um dia de trabalho.

O Iberostar — o primeiro cinco estrelas a inaugurar em Portugal da cadeia com o mesmo nome com mais de 70 hotéis espalhados pelo mundo — é um convite a ficar no centro da capital, mas com privilégios de quem, mesmo em trabalho, consegue tirar um tempo para si, de férias. É assim com a Fugas. Depois de um dia de correrias, é altura de entrar noutra dimensão, como se regressássemos ao primeiro dia de férias. Uma massagem a dois é a proposta da cadeia espanhola que chega à Ásia e à América com sugestões de hotéis de praia, daqueles com tudo incluído, e que mais recentemente começou a abrir espaços nas grandes cidades.

O spa tem duas terapeutas e três salas de tratamento, todas com chuveiro, além do circuito de águas, sauna, banho turco, chuveiros sensoriais e uma piscina interior climatizada, e ainda um ginásio aberto 24 horas. Quanto aos tratamentos, começam pela manhã, às 10h, e prolongam-se até às 19h — e há quem venha de fora do hotel para fazê-los, explica Inmaculada Muñoz, directora da unidade lisboeta, assim como há clientes de alguns dos hotéis vizinhos que chegam para usar as piscinas, interior e exterior.

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Helena Marques, com formação em fisioterapia, explica que, pela manhã, no spa, fazem-se mais massagens relaxantes e ao final do dia os pedidos são para as de combate à dor. Também há diferenças de género, os homens optam mais pelas relaxantes do que as mulheres. Mas ali a oferta é vasta e diversificada, desde as massagens de tratamento às de assinatura. A formação é feita pela cadeia, o que significa que em Lisboa, em Agadir ou em Havana as massagens e os produtos são exactamente os mesmos. Neste caso a proposta é para fazer uma massagem terapêutica a dois, meia hora (40 euros) de pressão nas costas, pescoço e massagem na cabeça com óleos que ajudam a fisioterapeuta a confirmar a sua teoria — eles relaxam mais do que elas.

Combate ao plástico

De roupão e chinelos, encaminhamo-nos para o elevador que apanhamos directamente para o sexto andar, onde fica o quarto, virado para a Rua Castilho, com traseiras para a Rotunda do Marquês. Ao todo são 166 quartos, entre eles a suíte presidencial a que foi dado o nome de Marquês de Pombal e que tem vista precisamente para a estátua de Sebastião José de Carvalho e Melo.

Embora não fuja muito ao tradicional quarto de hotel, a suíte é espaçosa e com a cabine de duche a fazer a separação entre a zona do quarto e das instalações sanitárias. Há uma preocupação em ter tudo o que facilmente esquecemos em casa à disposição, do pente à escova de dentes, passando pelo amaciador para o cabelo. Afinal, os principais clientes são os que chegam à cidade para negócios, reuniões — o hotel tem três salas grandes para conferências, sete mais pequenas para reuniões, um business center e uma cozinha que trabalha só nestas ocasiões, além de bengaleiro, instalações sanitárias e uma entrada autónoma para que os clientes não se confundam com quem vem de fora para os encontros ou mesmo para festas.

Embora as famílias não sejam o principal público, a piscina e os quartos comunicantes são um óptimo motivo para escolher o Iberostar, sugere Inmaculda Muñoz. A piscina também está aberta ao exterior por uma tarifa de 25 euros para passar o dia. “É um privilégio ter uma piscina no meio da cidade”, orgulha-se a responsável.

Por enquanto as amenities continuam envoltas em plástico, mas o objectivo é acabar com este ou usar o biodegradável. A mudança está a ser feita, pouco a pouco, em todos os hotéis e resorts Iberostar, informa a directora. “Estamos a impulsionar o movimento ‘Wave of change’, centrado no cuidado em relação aos mares e oceanos. Não é fácil e tem um custo elevado, mas nós fomos os primeiros a anunciar em Espanha que os nossos quartos são livres de plásticos”, explica. Além do plástico, também há uma preocupação em acabar com o papel — por exemplo, na recepção, tudo o que possa ser digitalizado é, de maneira a reduzir o consumo de papel.

No quarto, por cima do pequeno frigorífico do minibar, há uma garrafa de Porto Niepoort com 20 anos, além da máquina e das cápsulas de café. Petiscamos os doces que nos dão as boas-vindas e preparamo-nos para o jantar no Restaurante Luz. É ali, num espaço com ligação à piscina exterior, que se toma o pequeno-almoço (das 7h às 10h), o almoço (das 12h30 às 15h30) e o jantar (das 19h às 22h30). Depois disso, ainda se pode comer um snack no bar que fica no lobby do hotel (das 10h à 1h). Para quem queira ficar na piscina, não precisa de entrar no Luz e também pode fazer pequenas refeições no bar da piscina (das 10h às 18h).

Uma carta requintada

O restaurante fica nas traseiras do hotel, ou seja, para um cliente que chegue do exterior para experimentar o menu executivo (17 euros para entrada, prato, sobremesa e bebida), durante a semana, à hora do almoço, é preciso atravessar o hall, percorrer um corredor e meter-se no elevador que o leva a um piso inferior. A luz é imensa, pois embora se desça — o edifício tem oito pisos superiores e cinco interiores —, não se entra numa cave nem nada que se pareça, pois fica-se ao nível da piscina. E é este cenário que também convida a que, ao domingo, peguemos na família e possamos ir fazer um brunch. Trata-se de um pacote em que se pode incluir uma ida ao spa (36 euros) ou não (28 euros).

O Restaurante Luz prima por ter uma carta diversificada, onde a cozinha portuguesa se cruza com a internacional, sempre com um toque contemporâneo. Para começar optamos por uma sopa de peixe com coentros (7 euros) e uns lagostins assados sobre parfait de couve-flor, emulsão de camarão e crocante de choco (15 euros), uma maravilha para os olhos e para o paladar, com os sabores do mar bem pronunciados. Continuamos no peixe, poderíamos ter experimentado o polvo confit com chouriço alentejano e migas de batata vitelote (22 euros), mas optamos pela garoupa grelhada com camarão tigre e molho de caldeirada (23 euros) e pelo lombo de bacalhau confitado sobre guisado de favas e chouriço, ovo de codorniz (21 euros), mais dois pratos vencedores pelas misturas improváveis de diferente pratos da gastronomia portuguesa.

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Mas há mais: massas, risottos e pratos de carne, como a vitela em crosta de frutos secos e polenta frita com creme de cherovia (23 euros) ou o prensado de porco a baixa temperatura, puré de aipo e maçã, emulsão de amêijoa (20 euros). Os pratos são bem servidos, o que significa que poderá partilhá-los.

Para fechar a noite, a proposta de sobremesas também é diversa — do saudável prato de fruta laminada (6,50 euros) à tábua de queijos portugueses e internacionais com tostas e goiabada (12 euros), passando pelos sorbets (5 euros). A escolha recaiu sobre o cremoso de Abade de Priscos com espuma de framboesa e sorbet de pêra bêbada (9 euros), uma surpresa pela harmonia de sabores.

Este hotel é o primeiro Iberostar em Portugal, mas a família Fluxà está apostada em continuar a investir no país, o Porto pode ser a próxima paragem — seguindo a linha de hotéis urbanos, que ainda são poucos, depois de Madrid e Barcelona, há outros dois, um em Budapeste e outro em Nova Iorque — e a inauguração de uma unidade no Algarve está prevista para o próximo ano e será um resort com uma política all included como é apanágio dos hotéis espalhados pelas praias deste mundo.

A Fugas esteve alojada a convite do Iberostar

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