Francisco Ramos, do IPO de Lisboa, é secretário de Estado pela quinta vez

Licenciado em Economia, Francisco Ramos já tinha sido secretário de Estado com Maria de Belém, Correia de Campos e Ana Jorge.

Foto
PEDRO TRINDADE / NFACTOS

Prestes a completar 62 anos, o até agora presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Francisco Ramos, volta ao Governo. Com grande experiência no sector, é o novo secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Nos últimos meses, o novo governante tem defendido medidas que permitiriam reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em perto de mil milhões de euros. Vai contudo herdar um Orçamento mais curto.

Francisco Ramos é homem com muito traquejo. Esta é a quinta vez que acompanha ministros da Saúde na qualidade de secretário de Estado. Já tinha exercido estas funções, primeiro com Maria de Belém (de 1997 a 1999), depois com Correia de Campos por duas vezes (de 2001 a 2002 e de 2005 a 2008). Posteriormente, foi secretário de Estado Adjunto e da Saúde com Ana Jorge.

Com António Correia de Campos manteve-se no cargo mesmo após a remodelação governamental, quando a pasta da saúde passou para Ana Jorge. Acabou por sair no segundo mandato da ministra, em 2009. Foi, depois, presidente do Instituto Nacional de Administração, entre 2009 e 2012. Nesse ano, foi dirigir o IPO (Instituto Português de Oncologia) de Lisboa, unidade que encontrou com resultados financeiros negativos, e onde permaneceu até agora.

Francisco Ramos defendeu nos últimos meses três medidas que poderiam rapidamente levar a um acréscimo de mil milhões de euros no financiamento do Serviço Nacional de Saúde (o valor do subfinanciamento crónico do SNS que tem sido estimado por vários especialistas). A primeira medida passaria por reduzir os benefícios fiscais, em sede de IRS, das despesas em saúde de 15% para 5%, o que corresponderia a cerca de 300 milhões de euros. A segunda, polémica, seria pôr a ADSE a pagar os cuidados prestados pelos hospitais públicos, o que permitiria canalizar cerca de 600 milhões de euros "para financiar equipamento médico hospitalar muito necessário", como afirmou em entrevista ao Expresso. Por último, recomendou o controlo dos gastos com medicamentos de forma a que não fossem superiores a 1% do PIB.

Nascido a 3 de Dezembro de 1956, Francisco Ramos licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, em 1978. Entre 2000 e 2001 foi presidente do conselho directivo do Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu, mas antes, em 1997, ainda foi subdirector-geral da Saúde por pouco tempo. Foi também durante mais de 15 anos administrador hospitalar e consultor internacional e nacional na área da saúde.

É ainda docente há vários anos na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, onde lecciona matérias relacionadas com economia da saúde, políticas de saúde e política do medicamento. Há um ano, integrou um grupo técnico independente nomeado para avaliar os Sistemas de Gestão do Acesso a Cuidados de Saúde no SNS.

O novo governante, que realizou vários estudos económicos de medicamentos para várias empresas farmacêuticas e estudos económicos de organização de unidades privadas, não se tem cansado, nos últimos anos, de criticar a forma como o Estado se posiciona face aos preços praticados pela indústria farmacêutica.

Sugerir correcção
Comentar