Enfermeiros consideram "inqualificável" reunião com Governo

Sindicatos lamentam a falta de propostas às reivindações e asseguram que os enfermeiros têm razões "para uma adesão ainda mais expressiva" à greve que está a decorrer.

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Os sindicatos dos enfermeiros marcaram uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou "inqualificável" a reunião negocial desta sexta-feira com o Governo sobre a carreira de enfermagem, assegurando que os profissionais vão aderir com "mais força" à greve na próxima semana.

"Foi uma reunião inqualificável porque, sendo uma reunião negocial entre greves, é inadmissível que o Ministério das Finanças, o Ministério da Saúde e o Governo não tenham apresentado uma nova proposta que vá ao encontro das propostas e das exigências dos enfermeiros que o próprio ministro da Saúde, em nome do Governo, qualificou de soluções e exigências justas", disse José Carlos Martins.

Ao entender que as exigências são justas, o que faria sentido era o Governo "apresentar uma contraproposta com soluções em relação à carreira, ao diploma único, à valorização remuneratória da enfermagem, às questões da aposentação mais cedo e a mecanismos de compensação do risco e da penosidade", próxima daquela que os sindicatos apresentaram, defendeu o sindicalista.

"Isto significa que os enfermeiros têm mais razões para uma adesão ainda mais expressiva [à greve], mais massiva nos próximos dias da semana que vem e uma grande participação na manifestação nacional no dia 19", sublinhou.

Esta reunião entre o Governo e a Comissão Negociadora Sindical dos Enfermeiros (CNESE) estava prevista inicialmente para dia 4 de Outubro.

José Carlos Martins adiantou que, como não foi apresentada nenhuma contraproposta e a CNESE já tinha solicitado uma reunião de carácter político, o compromisso que foi assumido é que iam agendar "no mais curto espaço de tempo uma reunião de carácter político".

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta sexta-feira que a preparação do Orçamento do Estado "pode ter comprometido a agilidade e a velocidade das negociações" com os sindicatos dos enfermeiros.

"Nós temos estado muito condicionados, como sabem, pela questão do Orçamento [do Estado] e quer o Ministério da Saúde quer o Ministério das Finanças têm estado muito enfocados nos trabalhos preparatórios do Orçamento. Isso, de alguma forma, pode ter comprometido a agilidade e a velocidade das negociações", afirmou Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas, à margem de uma visita à Unidade Local de Saúde da Guarda.

Adalberto Campos Fernandes reafirmou que a vontade do Governo é chegar "a um entendimento sobre aquilo que são as bases do desenho de uma carreira, de uma arquitectura de carreira que os enfermeiros, e bem, há muitos anos pugnam e que necessita de ser encarada, da parte do Governo, com a maior atenção".

"Depois, há sempre as limitações que decorrem da fase seguinte que é a fase da tradução em aspectos remuneratórios, mas isso, enfim, isso também os próprios sindicatos têm assumido que é uma fase seguinte, é uma fase posterior", concluiu.

Os enfermeiros iniciaram na quarta-feira o primeiro de seis dias de greve, que se repete nos dias 16, 17, 18 e 19 de Outubro.

Os sindicatos exigem a revisão da carreira de enfermagem, a definição das condições de acesso às categorias, a grelha salarial, os princípios do sistema de avaliação do desempenho, do regime e organização do tempo de trabalho e as condições e critérios aplicáveis aos concursos.

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