Ex-chefe de gabinete da Defesa assume ter recebido memorando sobre Tancos

Tenente-general Martins Pereira afirmou à RTP que documento foi entregue ao princípio da tarde desta quarta-feira no DCIAP.

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António Costa e Azeredo Lopes na segunda-feira durante a visita à Base Aérea em Monte Real PAULO CUNHA/LUSA

O ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa Nacional assume, pela primeira vez, que recebeu documentação sobre a recuperação das armas roubadas em Tancos. Em notícia divulgada ao princípio da tarde desta quarta-feira no site do canal público, em declarações exclusivas para a RTP, o tenente-general Martins Pereira adianta que já fez chegar ao DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) o documento que lhe foi entregue na reunião com os responsáveis da Polícia Judiciária Militar (PJM).

Martins Pereira havia já confirmado o encontro. Contudo, nunca admitira ter recebido um memorando na reunião que manteve com o antigo director da PJM e o major Vasco Brazão, ex-porta-voz daquela polícia. O antigo chefe de gabinete de Azeredo Lopes acrescenta que o documento entregue é o “verdadeiro”.

O tenente-general admite estar na posse, desde Novembro de 2017, de documentação sobre a recuperação do material roubado dos Paióis Nacionais de Tancos. “A documentação verdadeira foi entregue hoje [quarta-feira] no início da tarde, no DCIAP, pelos serviços do meu advogado”, adiantou à RTP.

Até ao momento, o ex-chefe de gabinete do ministro Azeredo Lopes limitara-se a afirmar que, no encontro com os antigos elementos da PJM, não vislumbrara qualquer indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos. Ou seja, assumiu a reunião mas nunca disse para que efeito esta havia sido marcada.

Iniciou-se um braço-de-ferro com o antigo porta-voz da PJM, que em tribunal assegurou que, depois de as armas serem recuperadas, o ministro da Defesa foi informado da encenação alegadamente combinada com a GNR de Loulé. Azeredo Lopes negou categoricamente que já soubesse do encobrimento. E voltou a aparecer publicamente ao lado do primeiro-ministro, António Costa, que reforçou a confiança no titular da Defesa.

Desconhece-se, por enquanto, a versão do coronel Luís Vieira, antigo director da PJM, entre os arguidos da Operação Húbris. Por sua vez, Vasco Brazão pediu ao juiz de instrução criminal para ser novamente ouvido. O militar prometeu também entregar ao DCIAP o documento que fez chegar ao ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa na reunião de Novembro. 

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