PSD-Porto ataca Pedro Duarte e admite tirar-lhe a confiança política

Cabeça de lista à assembleia municipal esteve debaixo de fogo na assembleia da distrital do Porto por desafiar liderança de Rio e “andar de braço dado” com apoiante de Rui Moreira.

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Pedro Duarte, em 2017 na apresentação da sua candidatura à Assembleia Municipal do Porto Nelson Garrido

No PSD-Porto não falta quem esteja farto das investidas de Pedro Duarte e coloque mesmo a possibilidade de o partido retirar a confiança política ao seu cabeça de lista para a assembleia municipal em 2017. "Ora diz estar 'preparado para liderar uma nova estratégia' no partido para substituir Rui Rio, ora lança o Manifesto X à revelia do PSD para o qual convida Francisco Ramos", presidente da associação Porto, o Nosso Movimento, de Rui Moreira, criticam.

Reunida na segunda-feira à noite, a assembleia da distrital do PSD-Porto registou "unanimidade na discordância" com os críticos da direcção nacional e na condenação do “falso clima de instabilidade que algumas pessoas tentam criar”, relataram vários militantes ao PÚBLICO. Mas a esmagadora maioria dos intervenientes direccionou as críticas para o quadro da Microsoft. E sucederam-se frases como “coloca os interesses pessoais à frente dos interesses do partido e do país”; “não é admissível que o primeiro eleito do PSD na cidade do Porto esteja coligado com o presidente do movimento político que é oposição ao PSD. É o exemplo da política dos interesses contra a política dos valores”; “Pedro Duarte protagoniza a política onde as convicções se confundem com o oportunismo”.

O lançamento do Manifesto X - uma alternativa programática para um dia poder disputar a liderança -, foi a gota de água e são muitos os que o censuram por lançar a iniciativa sem se concertar com o PSD. “Podia puxar o manifesto para dentro do partido, mas não o fez, preferindo andar de braço dado com Francisco Ramos que foi convidado para fazer parte dessa plataforma digital de reflexão”, atira um dirigente, dizendo que na política os “sinais são importantes e têm uma leitura política”.

A possibilidade de o PSD-Porto retirar a confiança política a Pedro Duarte está em cima da mesa. “Os órgãos do partido têm de avaliar isso. A retirada da confiança política ao número um do partido na Assembleia Municipal do Porto poderá acabar por ser uma questão natural e, se isso acontecer, não é por ele discordar, mas sim pelo percurso enviesado que tem feito”, disse ao PÚBLICO fonte social-democrata.

Contactado pelo PÚBLICO, Pedro Duarte respondeu apenas: “Não alimento conflitos internos. Devemos focar-nos nos interesses do país”.

De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, das 17 ou 18 intervenções feitas na assembleia só uma ou duas não visaram o antigo líder da JSD. “Houve críticas ao estilo e à forma de fazer política e ao seu percurso enviesado”, referiu um militante, lembrando que, em Janeiro, o antigo deputado subiu ao palco do congresso (já depois de apresentar a sua moção, assinada também por Carlos Moedas), para se assumir como um “soldado na primeira fila ao serviço de Rui Rio, pronto para as batalhas do partido”.

Pouco tempo depois de a nova direcção estar em funções, Pedro Duarte começa a descolar de Rio para mais tarde desafiar a sua liderança, numa entrevista ao Expresso, em Agosto, e quase dois meses depois, lança o Manifesto X, uma plataforma digital de reflexão. O ex-social-democrata, Francisco Ramos, faz parte deste manifesto. “Não se entende esta aproximação ao movimento de Rui Moreira”, declara, irritado, um dirigente do partido, acusando o "número um" do PSD na AMP de “às segundas, quartas e sextas andar de braço dado com o PSD e às terças, quintas e sábados reunir-se contra o PSD”.

A assembleia do PSD-Porto aprovou uma moção contra a consagração nos estatutos do partido de uma estrutura autónoma das Mulheres Sociais-Democratas. "A criação desta nova estrutura autónoma é um retrocesso civilizacional no que à igualdade de género diz respeito”, diz a moção, opondo-se à proposta de alteração estatutária apresentada no 37.º Congresso do PSD.

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