Sonae MC disponibiliza 33,7% para medir “interesse dos investidores”

Arranca segunda-feira a oferta pública inicial (IPO) de venda de acções da Sonae MC, que detém o negócio do retalho alimentar. O intervalo de preço foi fixado entre 1,40 e 1,65 euros.

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fvl fernando veludo n/factos

Na primeira vez que falou da possibilidade de a Sonae colocar o negócio do retalho alimentar em bolsa, em Março do corrente ano, ao encontro da estratégia da empresa, que quer ser cada vez mais uma sociedade gestora de participações e menos um conglomerado que junta negócios muito diferentes.

A oferta inicial da Sonae MC acaba de chegar ao mercado, arrancando já esta segunda-feira, dentro de duas semanas será possível avaliar a dimensão do apetite do mercado, e, dependendo disso, como a casa-mãe, a Sonae SGPS consegue acelerar a sua estratégia de gestora de participações.

O desenho da operação está feito para vários níveis de procura: a percentagem de capital a dispersar pode crescer de 21,74% (oferta base) para 25%, com o acréscimo de uma tranche suplementar (over-allotment) até 32.600.000 acções, e no limite até 33,7%, com mais um lote de 87.000.000 acções ordinárias. O intervalo de preço indicativo varia entre 1,40 e 1,65 euros. Tendo em conta o intervalo de preços e apenas a oferta base, o encaixe poderá variar entre 304 milhões e 359 milhões de euros.

De acordo como as informações do prospecto, o encaixe da operação pode subir para entre 350 e 412 milhões de euros se a dispersão de capital a vender atingir os 25%. Se a oferta for ainda aumentada em 87 milhões de acções, destinada a investidores institucionais, o valor gerado pode variar entre os 412 e os 555,5 milhões de euros.

O regresso da Sonae MC à bolsa, de onde saiu em 2006, prevê, de acordo com o prospecto enviado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a venda de 217.360.000 acções ordinárias que será realizada em 23% através de uma oferta pública a investidores em Portugal, e os restantes 77% serão oferecidas através de uma oferta particular reservada a investidores institucionais em Portugal e fora de Portugal (ao abrigo de legislação norte-americana). Para o sindicato financeiro coordenador da oferta (Joint Global Coordinators) está reservada a referida opção de over-allotment de até 32.600.000 acções, que poderá ser exercida no todo ou em parte dentro dos 30 dias de calendário após o início da negociação condicional das acções na bolsa de Lisboa. A que se junta ainda a tal opção, designada de upsize, de até 87.000.000 acções ordinárias, destinada a investidores institucionais.

Como a operação, a Sonae SGPS (que é proprietária do PÚBLICO) mantém uma posição accionista maioritária no negócio da distribuição alimentar, segmento em que é líder no mercado nacional.

Aos valores de venda previstos, a capitalização bolsista da Sonae MC pode variar entre 1400 milhões de euros e 1650 milhões de euros. Quer o valor de capitalização alcançado, quer a percentagem de capital a dispersar, deverão garantir a entrada no principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI-20, onde já está a Sonae SGPS, casa-mãe da MC, e a Sonae Capital.

A operação arranca na próxima segunda-feira, com o início a um processo de book building (registo de ofertas), sendo expectável que a oferta de retalho termine a 17 de Outubro e que a oferta institucional termine no dia seguinte. Estima-se que o preço final da oferta seja divulgado no dia 18. A admissão das acções à negociação e início da negociação incondicional das acções deverá ocorrer a 23 de Outubro.

No âmbito da preparação do IPO, foram realizados várias operações de destaques de activos, imobiliários e não só, da Sonae MC (no domínio da antiga Sonae Investimentos), para outras empresas do grupo, o que implicou o pagamento de 472 milhões de euros em dividendos aos seus accionistas do universo Sonae, refere a empresa no prospecto divulgado esta quinta-feira, 4 de Outubro. No âmbito dessas operações, a Sonae MC pagou 100 milhões de euros em dinheiro ou por via de linhas de crédito disponíveis, com idêntico impacto no capital e na dívida.

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