Prisão preventiva para os dois suspeitos da morte do triatleta Luís Grilo

Tribunal fundamentou a aplicação da medida com o perigo de fuga dos arguidos e de perturbação do inquérito.

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O Tribunal de Vila Franca de Xira decidiu na tarde deste sábado aplicar a medida de coacção mais gravosa à viúva do triatleta Luís Grilo e ao seu alegado amante e cúmplice, o oficial de justiça António Joaquim. Os dois vão aguardar o desenvolvimento do inquérito em prisão preventiva, dada a gravidade dos crimes que lhes são imputados pela investigação da Polícia Judiciária (PJ).

Rosa Grilo e António Joaquim decidiram prestar declarações no interrogatório conduzido pela juíza Andreia Valadas. A viúva de Luís Grilo foi interrogada durante cerca de três horas e meia na sexta-feira. E o oficial de justiça prestou declarações durante toda a manhã deste sábado.

No despacho da juíza de instrução criminal Andreia Valadas, divulgado este sábado, a magistrada fundamenta a sua decisão com o perigo de fuga dos arguidos e o perigo de perturbação do inquérito. A juíza de instrução aponta, igualmente, o risco de “grave perturbação da ordem pública”, dada a visibilidade social deste caso. A prisão preventiva foi, também, a medida pedida pela procuradora Susana Salgueiral.

Tânia Reis, advogada que representa os dois arguidos, admite tentar impugnar as medidas de coação aplicadas, considerando que seria mais adequada a opção pela obrigação de permanência no domicílio (prisão domiciliária). “É normal, atendendo a todo este mediatismo, às pessoas que aqui se acumularam e ao facto do senhor ter estado tanto tempo desaparecido, que tenha sido aplicada esta medida. Mas isso não significa que concorde com ela”, observou Tânia Reis, à saída do tribunal, vincando que vai, agora, ponderar com os seus constituintes a possibilidade de “impugnar” esta decisão do tribunal. Recorde-se que, nos termos da lei, num prazo de três meses pode ser pedida a revisão das medidas de coação.   

Rosa Grilo, 43 anos, e António Félix Joaquim (funcionário do Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa), 42 anos, estão indiciados da prática, em co-autoria, de crimes de homicídio qualificado, detenção de arma proibida e de profanação de cadáver.

A investigação da PJ concluiu que a morte do engenheiro informático Luís Grilo, de 50 anos, foi provocada por um tiro na cabeça e os investigadores acreditam que o crime terá sido praticado no quarto da sua casa, na localidade de Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira.

Ainda de acordo com a PJ, as motivações do crime poderão estar relacionadas com questões financeiras e com a intenção de receber uma verba de 100 mil euros de um seguro de vida contratado por Luís Grilo.

Rosa Grilo e António Joaquim tinham sido detidos na quarta-feira à noite pela PJ. Luís Grilo desapareceu em 16 de Julho. O corpo do triatleta foi encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição mais de um mês depois do desaparecimento, no concelho de Avis (Portalegre), a mais de 130 quilómetros da sua casa.

O cadáver estava perto de Alcôrrego, num caminho de terra batida, junto à Estrada Municipal 1070, e foi encontrado por uma pessoa que fazia uma caminhada na zona e que alertou o posto de Avis da GNR para esta ocorrência. Antes, o telemóvel da vítima tinha sido encontrado nos Casais da Marmeleira, a seis quilómetros de casa, já no concelho de Alenquer.

Segundo a PJ, Luís Grilo foi morto com um tiro na cabeça. A arma de fogo já foi recuperada, bem como outros elementos de prova. "A investigação apurou que os factos terão ocorrido no passado dia 15 de Julho, tendo a vítima sido atingida por um disparo de arma de fogo na caixa craniana, o qual lhe terá provocado a morte", indicou a PJ em comunicado.

com Lusa

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