Trump dá luz verde a investigação do FBI a Brett Kavanaugh

Presidente norte-americano recua e autoriza investigação a suspeitas de abuso sexual, depois de uma exigência de última hora do senador republicano Jeff Flake.

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As audições de Kavanaugh chegaram ao fim na quinta-feira LUSA/TOM WILLIAMS / POOL

O juiz norte-americano Brett Kavanaugh vai ser investigado pelo FBI por suspeitas de assédio sexual e violação que remontam aos anos 1980. O Presidente norte-americano autorizou o inquérito na sexta-feira, cedendo a um pedido do senador republicano Jeff Flake.

Várias mulheres têm dado a cara acusando o juiz de abusos sexuais que terão ocorrido nos tempos da escola secundária e da universidade, no início da década de 1980. Trump tinha dito há dias que o FBI não devia intervir neste caso, mas acabou agora por recuar, depois de a professora universitária Christine Blasey Ford ter estado na última quinta-feira na Comissão de Justiça do Senado para falar da tentativa de violação que imputa a Kavanaugh quando ambos eram adolescentes, em 1982.

O FBI vai investigar os antecedentes de Kavanaugh numa altura em que o processo de nomeação do juiz para o Supremo Tribunal entra na última fase. Depois de ter sido nomeado por Trump em Julho, o juiz teve de se submeter a audições na Comissão de Justiça do Senado, onde há 11 senadores do Partido Republicano e dez do Partido Democrata. A nomeação já foi aprovada na Comissão de Justiça, mas falta ainda o último passo, a votação final no plenário, para Kavanaugh se tornar no novo membro do Supremo Tribunal. Porém, essa votação será agora adiada depois de Jeff Flake, já nos minutos finais dos trabalhos da Comissão de Justiça do Senado, ter feito depender o seu voto final da condução de uma investigação pelo FBI no prazo de uma semana.

Christine Blasey Ford foi chamada ao Senado na última quinta-feira. Segundo a professora universitária, a tentativa de violação terá acontecido numa casa no estado do Maryland. Ford, então com 15 anos, diz ter sido forçada a entrar num quarto por Brett Kavanaugh, então com 17 anos, e por um amigo deste, Mark Judge. Já no quarto, Ford terá sido atirada para cima da cama por Kavanaugh, que se deitou em cima dela e lhe tapou a boca para que ela não gritasse. Ford afirma que Kavanaugh só não a violou porque ele e Mark Judge estavam bêbedos e acabaram por dar-lhe uma oportunidade de fuga.

Durante a audição, Ford admitiu não se recordar de alguns pormenores, mas reafirmou saber a identidade de quem a tentou violar: “Tenho 100% de certeza de que foi Brett Kavanaugh.”

Um segundo relato foi tornado público Deborah Ramirez, hoje com 53 anos, que foi colega de Kavanaugh na Universidade de Yale. A denúncia refere-se a um incidente que terá acontecido no ano lectivo de 1983-84, numa festa num dormitório da universidade. À revista The New Yorker, Ramirez contou que o então colega terá colocado o pénis junto à sua cara, levando-a a tocar no membro inadvertidamente, quando tentava afastá-lo do rosto.

Outra mulher decidiu dar a cara para denunciar que foi violada pelo juiz. Julie Swetnick, de 55 anos, contou que, por volta de 1982, foi “vítima de uma violação em grupo em que Mark Judge e Brett Kavanaugh estavam presentes.”

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