Presidente da RTP diz que dois novos canais privados na TDT "é pouco"

Gonçalo Reis afirmou que Portugal é o país "mais pobre da Europa" em diversidade de oferta na televisão digital terrestre.

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Gonçalo Reis, presidente da RTP Miguel Manso

O presidente da RTP, Gonçalo Reis, afirmou nesta quarta que o lançamento de dois novos canais privados na televisão digital terrestre (TDT) "é pouco", porque Portugal é o país "mais pobre da Europa" em diversidade de oferta nesta plataforma.

Gonçalo Reis falava no debate Estado da Nação dos Media, no âmbito do 28.º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, no qual marcaram presença o presidente da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, e o director regional da Google, Bernardo Correia. Das televisões generalistas, a TVI (Media Capital) foi a única ausente do debate.

Questionado sobre se o lançamento de dois canais privados na TDT era suficiente, o presidente da RTP disse: "Acho que é pouco, somos o mais pobre da Europa na TDT, acho que devia haver mais".

No final do debate, quando questionado pelos jornalistas sobre a taxa de contribuição audiovisual (CAV), o gestor explicou que "o tema está estabilizado", recordando que "nos últimos anos" a RTP tem "vindo a prestar serviço público" e ainda "serviços adicionais" com "os recursos actuais".

Na lei está previsto o aumento da CAV segundo a inflação, o que não tem acontecido. "Não se coloca o tema de curto prazo, é tema que está previsto na lei e tem a ver com sustentabilidade a médio prazo, não é desejo para o ano A ou B, é uma questão de médio prazo, enquadramento e sustentabilidade", acrescentou.

Relativamente aos precários, "o comportamento da RTP tem sido exemplar", assegurou. "Estamos a colaborar com este objectivo de diminuir a precariedade", disse o presidente da RTP. Gonçalo Reis adiantou que a cabe agora à Comissão de Avaliação Bilateral decidir, depois do levantamento feito, e, "uma vez feita essa homologação, a RTP procederá à integração".

Aludindo à "contratação do ano" na televisão, ou seja, a passagem da apresentadora Cristina Ferreira da TVI para a SIC, Gonçalo Reis foi questionado, durante o debate, como é que a estação pública encara este tipo de contratações.

"Não faz sentido" a RTP apostar nisso, declarou, acrescentando que a estação pública tem "obrigações mais alargadas" e que a RTP não tem problemas de atractividade. "Apesar do momento que marcou o verão, recebo telefonemas" de pessoas interessadas em colaborar na RTP, assinalou.

Sobre a contratação de Cristina Ferreira, Francisco Pedro Balsemão disse que não foi encontrado "nenhum poço de petróleo em Carnaxide e Paço de Arcos" e que a Impresa não iria "entrar em loucuras em termos de orçamento".

"[Tratou-se de] fazer uma aposta como se estivéssemos a comprar os direitos de uma Liga Europa", afirmou, sublinhando, logo de seguida, que o valor "é mais barato". Segundo Francisco Pedro Balsemão, foi feita uma análise custo-benefício e que Cristina Ferreira é um produto multiplataforma (estratégia do grupo) que vai "trazer retorno" à Impresa.

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