#EleNão, #EleNunca

Este movimento ultrapassa o território Brasil e o candidato Bolsonaro. É um manifesto internacional que estimula o protagonismo feminino e alerta para o facto de que as mulheres podem, realmente, decidir eleições, quando unidas pelos projectos que as representam.

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Paulo Whitaker/Reuters

#EleNão é um movimento criado nas redes sociais, por um grupo de mulheres, contra o candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, às eleições presidenciais do Brasil, que se realizam no próximo dia 7 de Outubro. Este grupo, que não pára de crescer, é apartidário e tem como objectivo “alertar outras mulheres sobre o candidato” e lutar “por um país mais justo”. E é nesta luta por justiça, que este movimento ultrapassa o território Brasil e o candidato Bolsonaro e se transforma num manifesto internacional que estimula o protagonismo feminino e alerta para o facto de que as mulheres podem, realmente, decidir eleições, quando unidas pelos projectos que as representam.

Um movimento que mantenha as mulheres de um país, qualquer país, unidas para decidir que tipo de políticas querem ou não querem para o futuro da sociedade em que se inserem é o meio mais adequado para, efectivamente, participar nas mudanças que conduzem a uma sociedade mais livre, justa, democrática e igualitária. Este movimento já deveria ter surgido há muito tempo e deseja-se que se mantenha activo em futuras eleições, por todo o mundo. É importante que as mulheres percebam que se podem ajudar mutuamente, aliando-se para escolher candidatos e candidatas que transformem o seu país num lugar melhor para viver.

O voto de cada uma das mulheres é de uma grande responsabilidade. Estes são votos conquistados pela longa e árdua luta das sufragistas que conseguiram demonstrar que o lugar da mulher é (também) nos centros de decisão dos países. Por isso, é necessária muita ponderação na hora de escolher em quem votar. Dos nossos votos dependem o nosso presente e futuro e a forma como se olha e analisa o passado. Os argumentos de que “os políticos são todos iguais e por isso tanto faz” e “não voto, como forma de protesto” favorecem a ascensão ao poder de machistas, misóginos, racistas e fascistas. A melhor forma de luta num sistema democrático é identificar as candidaturas mais comprometidas com as questões de direitos humanos, particularmente com a igualdade de género, igualdade étnico-racial, defesa de um Estado laico, combate às desigualdades de classe, luta contra a homofobia, preocupações ambientais, entre outras, e votar nelas.

#Elenão é um movimento contra todos os que nos seus programas eleitorais não se comprometem com a luta feminista pela autonomia, liberdade e igualdade para todas as mulheres, com a luta contra o racismo institucional e com a luta da comunidade LGBT por direitos iguais e fim do preconceito. Ou seja, é um movimento de mulheres que se organizou para eleger candidatos e candidatas que se comprometem de forma absoluta com a construção de uma nova sociedade: democrática, livre, justa, igualitária, sustentável e saudável!

#Elenão não é um movimento que diga respeito apenas a um candidato. Não, nem esta exclusividade ele tem. Este movimento é, também, contra Bolsonaro porque é inconcebível que mulheres informadas e politizadas decidam, por sua livre e espontânea vontade, eleger alguém que ostenta, com orgulho, um discurso de ódio, machista, racista, homofóbico, classista e misógino. Alguém que, por todos estes motivos, irá transformar o Brasil num país inseguro, injusto e cruel para todas as mulheres. A grave ofensa feita a Maria do Rosário, a quem disse que não merecia ser violada por ele, foi dirigida a todas nós, mulheres, porque qualquer uma de nós poderia estar no lugar dela. Posto isto: #Elenão, #Elenunca.   

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