Portugueses estão "muito preocupados" com as alterações climáticas

Estudo apresentado nesta quarta-feira revela que a maioria dos portugueses acredita que as mudanças no clima ocorrem devido à acção humana. E que em Portugal "não há negacionistas".

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Nuno Ferreira Santos

Os portugueses estão conscientes tanto da gravidade do problema global das alterações climáticas como da condição particular do país e da sua vulnerabilidade face à mudança do clima, disse esta quarta-feira à agência Lusa a investigadora Luísa Schmidt.

De acordo com a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que coordenou um estudo apresentado esta quarta-feira, em Lisboa, os portugueses revelaram estar "muito preocupados" com as alterações climáticas. Os dados de um inquérito realizado no âmbito do Inquérito Social Europeu mostram que os mais jovens e mais escolarizados estão "muito mais por dentro das questões da energia" e das alterações climáticas.

"Há uma grande sensibilidade e preocupação com o tema, o que significa que as grandes catástrofes que tivemos com os incêndios e a seca, por si só não gerariam este efeito se os cientistas não tivessem vindo explicar a relação dos fogos e dos eventos extremos às alterações climáticas", concluiu.

O inquérito, defendeu, mostra a "enorme importância de criar uma cultura pública de ciência". A maioria dos inquiridos considera que é devido à acção humana que as alterações climáticas estão a processar-se, em articulação directa com as emissões de gases com efeito de estufa.

Foi também possível apurar "uma grande predisposição para a acção, sobretudo para reduzir os consumos energéticos", afirmou. "A consciência de que o clima está a mudar é enorme", observou, indicando que 78% respondeu positivamente a esta questão. 20% admitiu que "provavelmente está a mudar".

Metade (49%) não tem dúvidas de que as mudanças ocorrem pela acção humana. 42% por cento atribui a alteração à junção de factores naturais com a intervenção do homem. "Portanto, não há negacionistas, é residual", observou, acrescentando que o valor apurado foi de 0,2% neste indicador e de 6% entre os que acreditam que o fenómeno acontece principalmente devido a factores naturais.

"É uma preocupação já assumida e instalada", referiu Luísa Schmidt, indicando que 52% dos inquiridos revelou estar "extremamente preocupado" e 36% assumiu estar "preocupado". À pergunta "Em que medida acha que as alterações climáticas vão ter um efeito extremamente negativo em todas as pessoas do mundo?", a resposta dispara para 82% no item "extremamente negativo".

A investigadora defende, porém, que Portugal precisa de melhorar a comunicação no que diz respeito à informação aos cidadãos para que possam mudar hábitos de consumo e incentivar o uso de energias renováveis, já que a apetência existe.

A maioria (67%) está a favor da utilização de dinheiro público para subsidiar energias renováveis, e quase 90% declara-se favorável ao consumo de energia eólica e solar. Já a exploração de energia fóssil e nuclear, não colhe "qualquer tipo de adesão" em Portugal.

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