Preço da electricidade atinge novo máximo anual

O preço médio da electricidade no mercado grossista ibérico está a subir desde Maio e esta quarta-feira passou a fasquia dos 75 euros por megawatt hora.

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ADRIANO MIRANDA

O preço da electricidade no mercado grossista ibérico (Mibel) marca esta quarta-feira, 12 de Setembro, um novo máximo anual, registando um valor médio de 75,39 euros por megawatt hora (MWh), quase 26 euros acima dos 49,76 euros por MWh registados no mesmo dia do ano passado, de acordo com os dados do operador de mercado (OMIE). Para amanhã, quinta-feira, o preço médio já será ligeiramente inferior: 74,76 euros.

A expectativa dos agentes de mercado é que os preços se mantenham em níveis elevados nos próximos tempos, já que os contratos de futuros para o quarto trimestre do ano estão actualmente nos 77,38 euros por MWh. Entre Janeiro, considerando o preço médio atingido em cada mês, a Agosto, o crescimento está perto dos 30%.

As subidas e descidas dos preços grossistas não afectam da mesma maneira os clientes finais de electricidade portugueses e espanhóis, já que as tarifas reguladas são fixadas em Portugal para um período de 12 meses, ao contrário do que sucede em Espanha, onde o preço regulado reflecte o andamento do mercado diário.

No entanto, os comercializadores em regime de mercado são livres para reflectir os custos mais elevados com a aquisição de energia e alterar os tarifários dos seus clientes. Apesar de a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) ter anunciado uma descida de 0,2% dos preços regulados para 2018 (que são praticados pela EDP Serviço Universal, com base num valor de referência de 53,8 euros por MWh), a EDP Comercial, que tem mais de quatro milhões de clientes no mercado doméstico, subiu os seus preços em 2,5%, acusando a entidade reguladora de manter preços “artificialmente baixos”.

A subida continuada dos preços da electricidade desde o mês de Maio já motivou um pedido formal dos governos de Portugal e de Espanha ao conselho de reguladores do Mibel (a ERSE, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Comisión Nacional de los Mercados y la Competência (CNMC) e a Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV) para criarem um grupo de trabalho para estudar o mercado eléctrico e, eventualmente, alterar regras de funcionamento para assegurar “total concorrência” entre produtores ibéricos.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro realizado em Lisboa, em meados de Agosto, os secretários de Estado da Energia dos dois países – Jorge Seguro Sanchez e José Domínguez Abascal – admitiram que era difícil encontrar explicação para um nível de preços “anormalmente alto”.

Há alguns factores que ajudam a justificar a subida de preços – que atinge outros países europeus, como a França e a Alemanha – como o aumento do preço das licenças de carbono que agravam os custos de produção das centrais poluentes, ou mesmo a alta dos preços do carvão e do gás natural.

Mas, ainda assim, persiste a estranheza quando, ao contrário do que sucedeu no ano passado, as albufeiras estão cheias e seria de esperar um aumento da produção hídrica, com custos mais baixos. “Não é de todo fácil explicar a situação”, reconheceu José Domínguez Abascal, dizendo que espera para Outono os resultados da investigação que o regulador da concorrência espanhol (a CNMC) está a fazer ao mercado eléctrico, onde ecoam preocupações com eventuais manipulações por parte de grandes empresas de energia da utilização das suas centrais hídricas, com o objectivo de maximizar ganhos.

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