Jerónimo sobre o OE: “É preciso não contar com o ovo no dito cujo da galinha"

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares disse que "não há três sem quatro" e que o Orçamento do Estado para 2019 vai ser aprovado. Secretário-geral do PCP respondeu também com um ditado popular e avisa que aprovação não está garantida.

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À chegada à Festa do Avante! Jerónimo de Sousa tirou fotografias e selfies com crianças e outros participantes LUSA/MIGUEL A. LOPES

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pediu neste sábado aos socialistas para terem "calma" e não darem como adquirida a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2019, reafirmando que o voto comunista depende das propostas do Governo.

"Não me quero adiantar muito, tendo em conta a expressão engraçada de que não há três sem quatro", disse Jerónimo de Sousa, referindo-se às declarações proferidas pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, durante a visita, poucas horas antes, à Festa do Avante!, na Quinta da Atalaia, no Seixal.

Em declarações aos jornalistas durante a visita à festa comunista, o governante mostrou-se confiante na aprovação do quarto orçamento consecutivo pelos partidos de esquerda, dizendo que "não há três sem quatro", mas avisando que ainda há muito trabalho pela frente.

Jerónimo de Sousa parece ter achado alguma graça à expressão de Pedro Nuno Santos, mas aconselhou calma e deixou um aviso aos socialistas, recorrendo a um ditado popular: “Cuidado, que é preciso não contar apressadamente com o ovo no dito cujo da galinha".

Antes, o líder comunista já tinha referido que a aprovação do OE não pode ser encarada com uma questão de "fezada". "Não se trata de uma questão de fezada. Do que estamos a tratar é de um documento importante que ainda não existe. Esperamos que nos próximos 15 a 20 dias exista uma proposta de OE e, naturalmente, será em conformidade com os seus conteúdos, e do que resultará do exame comum que iremos fazer, que decidiremos", disse.

O dirigente comunista, que falava aos jornalistas durante uma visita ao Espaço Criança da Festa do Avante!, que decorre neste fim-de-semana, reconheceu que as negociações para o OE ainda estão numa fase muito preliminar, até porque ainda não há uma proposta concreta, mas defendeu que o mais importante é perceber se o PS está disposto a "manter o caminho da reposição de direitos e se é para andar para a frente, ou para parar, ou até retroceder".

"Gostaria de deixar claro que o PCP criou condições para que este governo existisse, mas, desde o princípio, nunca disse que assinaria de cruz e que estaria de acordo com políticas e medidas que colidem com aquilo que é o nosso ponto de vista, com a nossa proposta", disse Jerónimo de Sousa.

"Mais do que as intenções e as declarações é preciso conhecer os conteúdos dessa proposta de OE para 2019 que o Governo vai fazer", disse o dirigente comunista, que deu como exemplo a necessidade de se darem passos adiante na melhoria do abono de família, no alargamento da gratuitidade dos manuais escolares para alunos do ensino secundário, valorização das pensões e reformas e o aumento do salário mínimo nacional.

João Ferreira seria "excelente" candidato ao Parlamento Europeu

Questionado sobre o facto de ter estado na Festa do Avante! acompanhado por João Ferreira e, se isso poderia significar que o actual deputado ao Parlamento Europeu iria ser o cabeça de lista do PCP nas próximas eleições europeias, Jerónimo de Sousa disse que o partido ainda não escolheu, mas deixou essa possibilidade em aberto.

"Nós ainda não decidimos e não posso emitir uma opinião individual pública. Mas, se ninguém nos ouvisse, eu diria que está aqui um excelente candidato", disse Jerónimo de Sousa.

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