Cristas: "Somos o único partido que recusa servir de muleta a Costa"

CDS vai propor redução do IRS em todos os escalões e o alargamento da ADSE para todos os portugueses.

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Foto de arquivo LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Sem nunca se referir ao PSD, a líder do CDS-PP fez a sua rentrée assumindo uma distinção face ao antigo parceiro de coligação governativa. “Somos alternativa a António Costa e às esquerdas encostadas. Somos o único partido que recusa servir de muleta a António Costa”, afirmou Assunção Cristas este sábado na festa das famílias, em Ermesinde, Valongo.

Nos últimos dias, dirigentes do CDS têm vindo a sublinhar a ideia de o partido ser a alternativa ao PS. Apesar de já ser uma das linhas discursivas que vingou no congresso de Março, os centristas escolhem agora realçar esse posicionamento quando Rui Rio é criticado internamente por fazer aproximar o PSD do Governo de António Costa.

Com os partidos à esquerda da bancada socialista, PCP, BE e PEV, a suportarem o Governo, o CDS aproveita para se distanciar e assumir-se como a “alternativa” a quem não quer votar no PS nas legislativas do próximo ano. “Para nós, o futuro de Portugal não passa por António Costa à frente do Governo. Estamos a trabalhar para isso e vamos continuar afincadamente. Ninguém nos demove. Temos visão e temos ambição. A alternativa somos nós”, reforçou.

No arranque do ano político – em que estão marcadas três eleições para 2019 – a líder do CDS foi directa ao assunto. Posicionou o CDS como uma “alternativa livre, desassombrada e descomplexada” e garantiu que o voto no CDS “não viabilizará um Governo de António Costa”. Reiterando que o CDS pretende ser a “primeira escolha”, como já o tinha feito no congresso em Março, Cristas apelou aos eleitores: “Quem quer António Costa, quem consente António Costa, tem muitas opções. Quem quer uma verdadeira alternativa tem um único voto seguro: o voto no CDS.”

Baixar o IRS em todos os escalões

No seu discurso deste sábado, Assunção Cristas fez um balanço da intervenção do CDS nos últimos meses e deixou já antever alguns dos compromissos do partido para o programa eleitoral: um deles é baixar o IRS “em todos os escalões de forma bem pensada e progressiva”, repor o quociente familiar (que pretende beneficiar as famílias com filhos) e aplicar tabelas “reduzidas a metade no interior do país”. “Só assim estaremos a ser justos com todos, a promover a natalidade e a ajudar à coesão territorial”, argumentou.

Na área da saúde, o CDS propõe alargar a ADSE (sistema de benefícios para os funcionários da Administração pública) a todos os portugueses. Cristas recupera ainda outra proposta fiscal que tem sido apresentada no Parlamento: eliminar a baixa do ISP nos combustíveis. “E não nos digam que mais vale baixar passes sociais. Só quem não conhece o país fora das grandes cidades, só quem não sabe que em muitas zonas do nosso país simplesmente o transporte colectivo não existe e não há qualquer alternativa ao automóvel é que pode fazer esse raciocínio”, afirmou. 

Na questão dos passes sociais, o CDS prefere a criação de um modelo familiar “para todo o país” como uma medida integrada nos incentivos à natalidade. Neste domínio, Cristas adiantou que vai não só defender “uma política fiscal amiga das famílias em todos os impostos” como apresentar propostas em matéria de conciliação trabalho/família e exigir “uma cobertura total de creches, contratualizando, nomeadamente, com o sector privado”.

Na área da justiça, o CDS está a trabalhar em propostas de alteração “estruturais” que podem até “implicar uma revisão constitucional”. Mas para já Cristas deixou uma certeza. “Continuaremos a pugnar pela recondução da actual procuradora-geral de República, que nos dá garantias de isenção e de independência”, afirmou, assumindo uma posição que se diferencia do PSD. Rui Rio só vai tomar uma posição pública sobre este assunto depois de o primeiro-ministro e o Presidente da República colocarem o dossier em cima da mesa.

A líder do CDS referiu-se ainda a propostas na área laboral como a da consagração do trabalho à distância como uma opção temporária (o smartworking), uma proposta que o PÚBLICO revelou esta semana.

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