Portugal e Brasil assinam memorando sobre comemorações da independência brasileira

Ministros da Cultura dos dois países acertaram também um par de exposições sobre D. João VI e D. Maria da Glória, a inaugurar já nos próximos dois anos.

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D. João VI DR

Os ministros da Cultura de Portugal e do Brasil assinaram esta quarta-feira, no Rio de Janeiro, um memorando de entendimento para as comemorações da independência do Brasil, visando duas exposições relacionadas com D. João VI e D. Maria da Glória.

"Assinamos hoje um termo relacionado com duas exposições relacionadas com o nosso passado histórico comum. Faremos uma este ano e outra no ano que vem. Temos uma série de outras iniciativas que estão em andamento e desenvolvimento que eu espero que consigamos realizar nos próximos meses", disse à Lusa o ministro da Cultura do Brasil, Sérgio Sá Leitão.

O ministro da Cultura português, Luís Filipe Castro Mendes, afirmou estar a preparar a participação de Portugal no ciclo de comemorações do bicentenário da independência brasileira, que se celebra em 2022, através de exposições conjuntas entre os dois países, a inaugurar em cada um dos anos até essa data. "Este ano já planeámos e programámos uma exposição que será no Rio de Janeiro, no Museu Histórico Nacional, e que vai trazer a imagem de D. João VI. Nós emprestamos várias obras das nossas colecções, vários retratos de D. João VI. A ideia é, através deles, reflectir sobre a evolução política deste monarca", adiantou o responsável pela pasta da Cultura.

Luís Filipe Castro Mendes referiu também o plano conjunto para as "celebrações do centenário do nascimento de D. Maria da Glória, princesa do Brasil, filha do Imperador do Brasil D. Pedro I e mais tarde Rainha de Portugal".

A reunião bilateral entre os ministros responsáveis pela pasta da Cultura dos dois países serviu também para abordar o tema que marca a actualidade cultural brasileira, o incêndio que devastou o Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Sérgio Sá Leitão agradeceu o apoio dos portugueses neste momento crítico que o país atravessa: "Gostaria de aproveitar para agradecer as manifestações do Presidente de Portugal, também do ministro Luís Filipe em relação ao que houve no Museu Nacional. Essa solidariedade portuguesa é muito bem-vinda e, de certa maneira, serviu para consolar um pouco este nosso coração ferido."

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil, que foi consumido por um incêndio na noite de domingo, possuía um dos maiores acervos históricos e científicos do país, com cerca de 20 milhões de peças. A instituição, criada há 200 anos pelo rei João VI de Portugal, era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil, e o maior de História Natural e Antropologia da América Latina.

O edifício foi moradia das famílias real portuguesa e imperial brasileira e acolheu a Assembleia Constituinte, antes de se transformar em sede do Museu Nacional, em 1892, reunindo um acervo que integrava a colecção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e peças como o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, Luzia, com cerca de 11 mil anos, o diário da imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, oferecido em 1811 ao príncipe regente português.

A agenda da visita oficial do ministro da Cultura ao Brasil incluiu ainda uma escala em São Paulo, acompanhado pelo ministro brasileiro da Cultura, para ver o Museu da Língua Portuguesa, que também ardeu, em 21 de Dezembro de 2015, na sequência de um curto-circuito. Antes mesmo da visita às obras de reconstrução do edifício?, fonte daquela entidade adiantou à Lusa que a exposição itinerante A Língua Portuguesa em Nós, criada pelo museu, chegará em Outubro a Lisboa, onde deverá ser apresentada no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia.

Esta exposição tem vindo a percorrer países da África onde se fala português e, desde Maio, já foi exibida em Cabo Verde, Angola e Moçambique, onde se encontra desde 15 de Agosto.

Inicialmente montada no Brasil, onde se estreou na 16.ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, trata-se de um percurso pela presença da língua portuguesa no mundo. O português representa actualmente cerca de 270 milhões de falantes nos cinco continentes. A Língua Portuguesa em Nós é uma iniciativa do Itamaraty, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, a Fundação Roberto Marinho, o Museu da Língua Portuguesa e o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, com patrocínio da EDP e apoio do Instituto Camões e do Instituto EDP.

As obras de reconstrução do museu deverão terminar no segundo semestre de 2019. Já foram concluídas as etapas de restauro das fachadas e esquadrias, e de conservação e reconstrução da cobertura do edifício, e está agora em curso a licitação para as obras de interiores, que se iniciarão em Setembro, seguindo-se a instalação da museografia.

A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa integrou melhorias de infra-estrutura e segurança, especialmente contra incêndios. Entre essas melhorias está um sistema de chuveiros automáticos que possui sensores do aumento da temperatura ambiente e acciona a abertura dos bicos para combate contra o fogo, ainda em estágio inicial.

O Museu da Língua Portuguesa é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura, concebido e realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Tem como maior patrocinador a EDP e ainda o Grupo Globo, Grupo Itaú e Sabesp e apoio do Governo Federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à cultura.

O IDBrasil é a organização social responsável pela gestão do museu.

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