Almoço de militares visto como revolta contra o CEME

Encontro visa homenagear coronel Pipa Amorim, afastado do Regimento de Comandos em Julho por decisão do chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, avança o jornal i.

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Rovisco Duarte enfrenta protesto LUSA/MIGUEL A. LOPES

Um grupo de oficiais, alguns da estrutura de comando, vai realizar no próximo dia 8 de Setembro um almoço de homenagem ao coronel Pipa Amorim, afastado do Regimento de Comandos em Julho, por decisão do chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte. Um repasto que está a ser visto como um protesto contra o CEME, segundo avança nesta quarta-feira o jornal i.

Pipa Amorim terá sido afastado, primeiro, por ter dito que não aceitava “cabalas contra os militares”, em pleno processo judicial sobre o caso das mortes dos comandos. Depois, por ter feito também um elogio, a título póstumo, a Vítor Ribeiro, o primeiro presidente da associação de comandos e um dos rostos envolvidos no 25 de Novembro de 1975, ao lado de Jaime Neves, facto que terá irritado o general Rovisco Duarte, segundo noticiou o Diário de Notícias na altura.

Ainda segundo o i, o almoço está a ser organizado pelo coronel Pedro Tinoco de Faria. Na comissão de honra da homenagem está o antecessor do CEME, Carlos Jerónimo, que se demitiu depois da polémica sobre as declarações do subdirector do Colégio Militar, António Grilo, sobre os alunos homossexuais.

“Um conjunto de camaradas, não ligados a qualquer associação militar, vai realizar um almoço de homenagem à frontalidade e coragem moral do comandante do Regimento de Comandos, coronel comando Pipa Amorim, em repúdio pelo seu afastamento precipitado e sem justificação do Comando da Unidade que tem defendido com todas as suas forças”, defendeu o tenente-coronel na reserva, Pedro Tinoco de Faria na nota de anúncio do repasto.

Ao i, o responsável pela organização do almoço recusa que se trate de um movimento contra o CEME. “Isto não é um almoço contra o general CEME”, tal como “não há aqui nenhuma revanche”, assegurou o coronel. “É um almoço de amigos e de pessoas que respeitam o comando que o coronel Pipa Amorim fez no regimento de comandos. (…) É um almoço apartidário, apolítico, entre camaradas; não são só militares”. Serão também civis “que se identificam com a sua coragem moral”, diz ainda Tinoco de Faria.

Em Julho, um grupo de 15 comandos na reserva já havia feito chegar uma carta à Presidência da República a demonstrar apoio ao coronel Pipa Amorim e a pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que divulgasse a sua posição sobre a exoneração.

Oficialmente, o Exército tem dito que a saída de Pipa Amorim não foi uma exoneração, mas uma medida de gestão de recursos.

Entretanto, o Diário de Notícias revela que esta quarta-feira será o último dia do coronel Pipa Amorim como comandante do Regimento de Comandos, pois o seu sucessor assume quinta-feira essas funções.

Este é igualmente o último dia daquele militar ao serviço do Exército, onde entrou como soldado, pois pediu passagem imediata à reserva devido à forma como foi tratado anos últimos meses pelo (CEME) general Rovisco Duarte, garantiram àquele jornal fontes militares próximas de Pipa Amorim.
 

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