Estudo conclui que viajar aumenta bem-estar dos idosos e diminui ansiedade

Investigador vai apresentar resultados ao Governo. Diz que turismo sénior deve ser mais apoiado. "Quando tanto se fala na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde esta é uma resposta."

Foto
Paulo Ricca

Um estudo nacional concluiu que viajar reflecte-se de forma positiva na vida dos idosos, aumentando o seu bem-estar e diminuindo as situações de ansiedade, depressão e solidão, disse nesta segunda-feira à agência Lusa o investigador Ricardo Pocinho.

O estudo Turismo Sénior, caracterização geográfica e impactos biopsicossociais, que terminou em Maio e que foi conduzido pelo presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social, Ricardo Pocinho, e pelo professor do Instituto Politécnico de Castelo Branco, José Rodrigues, mostra que os idosos que costumam viajar têm uma percepção positiva em relação ao seu bem-estar. E apresentam menos sintomas de solidão do que a restante população idosa.

Baseado num inquérito feito em Portugal continental e ilhas a 658 pessoas, 342 do género masculino e 316 do género feminino, com idades entre os 65 e 85 anos, a investigação concluiu que 64,9% viajam com o respectivo cônjuge, vivem em meios urbanos e têm habilitação escolar ao nível do secundário.

Os inquiridos "tanto estavam em espaço religiosos como em urbes" e o objectivo foi "tentar diversificar ao máximo", diz o investigador. "Constatámos também que 180 pessoas ainda se encontravam no activo, o que é uma evidência de que hoje se trabalha até mais tarde".

Mais de 50% dos inquiridos fazem duas viagens por ano, sem sair do país, e revelam ter boa forma física e mental.

No decurso da investigação, foi também analisada a importância que o turismo sénior tem nos idosos a nível biopsicossocial, tendo-se revelado ser igualmente positivo.

Ricardo Pocinho adiantou que, depois do estudo e da publicação em revistas internacionais da especialidade, irá apresentar estes resultados ao Governo, para que, de alguma forma, possa apoiar o turismo sénior.

"Em Portugal, não temos o turismo muito dimensionado para seniores e até para o seu tipo de patologias. Os equipamentos são pouco acessíveis e até em termos económicos nem sempre é fácil para estas pessoas. Não temos informação de nenhum médico, mas é do senso comum que quem é menos ansioso, menos depressivo e com menos solidão irá tomar menos fármacos. E quando tanto se fala na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde esta é uma resposta", sublinhou.

Este estudo surgiu depois da investigação relacionada com o impacto positivo das universidades seniores nas pessoas desta idade. "Verificámos que as universidades seniores reduziam a sintomatologia de ansiedade e depressão e as pessoas que viviam o fenómeno da solidão conheciam uma melhoria da qualidade de vida e perguntámo-nos se haveria outras questões capazes de também o fazer."

Ricardo Pocinho garantiu ainda que "qualquer item do estudo foi avaliado por estatística profissional, com coeficiente Alfa de Cronbach, o que mostra que há confiabilidade nos dados e elevada consistência".

Sugerir correcção
Comentar