Festas, debates e convívios: partidos preparam rentrées

Primeiro Pontal de Rui Rio será um almoço numa zona rural do Algarve e com custos reduzidos. Jerónimo de Sousa regressa com a Festa do Avante! e o Bloco volta a organizar o Fórum Socialismo.

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António Costa é o primeiro a entra em cena, em Caminha LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Rui Rio estará na festa do Pontal LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Jerónimo de Sousa, como habitualmente, estará na festa do Avante! LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Assunção Cristas volta à política no fim-de-semana de 8 e 9 de Setembro LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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A rentrée do Bloco, liderado por Catarina Martins, terá como palco o Fórum Socialismo Mario Lopes Pereira

Com o Orçamento do Estado e os incêndios dados como temas prováveis dos próximos tempos, os partidos políticos preparam as rentrées após a pausa de férias. Na oposição, o PSD de Rui Rio adiou a festa do Pontal para 1 de Setembro e mudou-lhe o registo para um almoço de cariz mais popular. A líder do CDS tem a rentrée marcada para o norte do país. Já Jerónimo de Sousa regressa com a tradicional Festa do Avante!, enquanto o BE retoma os debates com o Fórum Socialismo. O primeiro no calendário será António Costa ao fazer a rentrée no final da próxima semana numa festa de Verão, em Caminha.

Com um cenário de contenção de custos, Rui Rio alterou a configuração da tradicional festa do Pontal, no Algarve, que será a sua primeira desde que se tornou líder em Janeiro deste ano. Em vez de um jantar no calçadão da Quarteira, como tem acontecido nos últimos anos, os sociais-democratas vão conviver num almoço (com grelhados no menu) em Fonte Filipe, que é um local procurado para piqueniques, em Querença, no concelho de Loulé. O dia começa com algumas actividades desportivas e tem o ponto alto no almoço em que discursa o líder do partido. Desta vez, a organização é do PSD Algarve (com ajuda logística da direcção nacional) e não tem previsto o transporte de militantes de outros pontos do país, o que permite reduzir os custos. À entrada paga-se cinco euros, menos do que os 15 que eram cobrados nos últimos anos no jantar da Quarteira. É uma espécie de regresso às origens da festa do Pontal, que começou por se realizar num pinhal próximo do aeroporto de Faro.

Com Rui Rio de férias foi pela voz do vice-presidente David Justino que o PSD fez eco das críticas à atitude do Governo perante o incêndio de Monchique. O tema dos fogos será incontornável no discurso até porque os sociais-democratas querem ter acesso a informação mais rigorosa sobre o que se passou naquela serra algarvia – nomeadamente aceder à fita do tempo que regista as decisões da protecção civil - para poderem assumir uma posição mais detalhada sobre a actuação dos bombeiros e outras forças no terreno.

Uma semana antes de Rui Rio regressar já o PS promoveu a sua rentrée numa festa de Verão em Caminha também num modelo de redução de custos. Só estão previstos dois oradores: A abrir, intervém o presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves. A fechar, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa.

A proximidade temporal do incêndio que deflagrou na Serra de Monchique deverá levar o tema dos incêndios à festa deste ano. Foi o que aconteceu no evento do ano passado, que se realizou entre os fogos mortíferos de Pedrógão e os de Outubro. Na altura, o primeiro-ministro reconheceu algumas falhas no combate aos incêndios, mas defendeu que era preciso esperar “com serenidade” pelas conclusões da comissão independente.

Ainda sem modelo conhecido, a rentreé de Cristas é dada como certa no norte no fim-de-semana de 8 e 9 de Setembro. Há dois anos foi no distrito de Aveiro que a líder do CDS anunciou que seria candidata à câmara de Lisboa e, no ano passado em vésperas de eleições autárquicas, Assunção Cristas apostou numa convenção com todos os candidatos em Lisboa. No discurso da líder do CDS não deverão faltar as questões do interior (o partido tem um pacote fiscal já apresentado no Parlamento), a insistência nas falhas que são apontadas aos serviços de saúde e aos transportes públicos, nomeadamente nos comboios. Para mais tarde – na primeira semana de Outubro – está marcada a Escola de Quadros, a universidade de verão organizada pela Juventude Popular. Já a universidade de jovens do PSD acontece na altura habitual e termina com uma intervenção de Rui Rio dia 9 de Setembro.

A obrigatória Festa do Avante! 

Esse é também o dia do discurso de Jerónimo de Sousa na Festa do Avante!, que é o ponto incontornável no calendário comunista. O líder do PCP reforçará o caderno de encargos comunista para a discussão do Orçamento do Estado que ganha fôlego em meados de Setembro. No palco 25 de Abril, que na sexta-feira, dia 7, recebe, entre outros, o Concerto em Louvor do Homem por ocasião do bicentenário de Karl Marx e, no encerramento, Jorge Palma com Tim e Camané, Jerónimo de Sousa irá defender o aumento do salário mínimo nacional para 650 euros e um novo aumento extraordinário nas pensões, a reforma por inteiro aos 40 anos de descontos, a revisão do código laboral e o reforço da contratação colectiva, entre outras medidas do que designa como “política alternativa, patriótica e de esquerda”. São de esperar as tradicionais críticas a Bruxelas e às imposições sobre o défice, assim como à aproximação cada vez mais evidente entre PS e PSD. A um ano de eleições legislativas, será o tom das críticas contundentes de Jerónimo de Sousa e os seus apelos a que os militantes dêem “mais força ao PCP” a mostrar se os comunistas também já estão imbuídos do espírito de campanha eleitoral.

A rentrée do Bloco é novamente o Fórum Socialismo, que este ano se realiza em Leiria, de 31 de Agosto a 2 de Setembro, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. O evento terá cinco dezenas de debates e mesas redondas sobre temas diversos e um dos momentos mais inesperados será protagonizado pelo cantautor José Mário Branco, que falará sobre a impossível neutralidade política do canto.

O encerramento do encontro caberá a Catarina Martins que costuma aproveitar a ocasião para traçar as linhas vermelhas do BE em matéria de Orçamento do Estado (OE). Há um ano, a líder dizia que a discussão do OE para 2018 era sobre escolhas e não restrições. "Nós não vamos gerir o que já foi feito, vamos fazer o que falta fazer e o que nos comprometemos a fazer quando fizemos os acordos em Novembro de 2015".

Além do Orçamento, um dos temas que o Bloco aproveitará para valorizar na sua rentrée é o da violência doméstica. Há menos de uma semana, o partido deu entrada no Parlamento a um pacote legislativo no qual propunha a criação de dois juízos especializados em violência doméstica (em Braga e Setúbal) assim como o agravamento das penas para esse mesmo crime.

Pedro Filipe Soares, José Soeiro, Maria Manuel Rola, Joana Mortágua, João Vasconcelos, Sandra Cunha, Heitor de Sousa, Moisés Ferreira e Isabel Pires estão entre os deputados do partido que têm intervenções previstas, mas alguns fundadores e dirigentes também marcarão presença nas sessões, como é o caso de Luís Fazenda, Marisa Matias, Francisco Louçã, Fernando Rosas ou José Gusmão.

Mas a rentrée do Bloco não se fará sem convidados de outros partidos. Portugueses, são três: as deputadas socialistas Idália Serrão e Isabel Moreira (que participam em sessões sobre adição e protecção à infância e sobre o direito à morte assistida) e o deputado do PAN André Silva (para falar, também, sobre eutanásia). Do estrangeiro virá um representante do partido irlandês Sinn Féin e poderá ainda vir o jornalista angolano Rafael Marques, para integrar uma mesa redonda sobre a mudança política em Angola.

"É uma boa altura para convidar outras pessoas que não são do Bloco. São técnicos, académicos, activistas e até militantes de outros partidos que vão intervir sobre áreas em que temos tido posições conjuntas e comuns e que gostaríamos de reforçar", assumiu Mariana Mortágua. "Aquilo que o Bloco escolhe para a sua rentrée marca também a sua natureza e a forma como pretende fazer e estar na política", disse há alguns dias a deputada bloquista ao PÚBLICO, sobre o espírito do Fórum Socialismo 2018.

Ao longo dos três dias, estão ainda previstas intervenções sobre o estado da justiça, sobre o mundo em guerra, sobre a saúde mental em Portugal e sobre a interioridade e o combate aos incêndios, entre outros temas. E mesmo as questões relacionadas com a habitação, que fazem lembrar a polémica que envolveu Ricardo Robles, vão entrar no alinhamento bloquista. "A habitação continua a ser um dos temas prioritários para o BE. O Bloco tem muitas propostas e muito passado sobre essa matéria. Nada mudou", confirmou Mortágua. Com S.S. e M.L.

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