Urinóis ecológicos em Paris criam polémica

Na base do diferendo, estará o facto destes estarem demasiado expostos na via pública e, segundo a população local, em espaços impróprios para a sua localização.

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Um dos urinóis na ilha de Saint Louis Reuters/PHILIPPE WOJAZER
o exemplar de um Uritrottoir, que se podem encontrar nas ruas parisienses
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Exemplar de um Uritrottoir, que se pode encontrar nas ruas parisienses Imagem retirado do site oficial da campanha "Uritrottoir"

Um novo conjunto de urinóis ecológicos, que estão espalhados pelas ruas de Paris, estão a criar polémica. Na base do diferendo, estará o facto de estes estarem demasiado expostos na via pública e, segundo a população local, em espaços impróprios para a sua localização.

Um dos urinóis que está instalado na ilha de Saint Louis, nas imediações da catedral de Notre Dame e com vista para as embarcações turísticas que circulam diariamente sobre o rio Sena, tem criado muita indignação.

Os habitantes locais já informaram a autarquia que querem a remoção imediata do urinol. Os próprios admitem, caso as autoridades não tomem medidas, avançar com uma petição. "Não há necessidade de colocar algo tão faustoso e feio num local histórico", afirmou Paola Pellizzari de 68 anos, dona de uma loja. "Fica ao lado da mais bela moradia da ilha, o Hotel de Lauzun, onde Baudelaire morava", disse Paola. A comerciante teme que o urinol, que está instalado a 20 metros de uma escola primária, "incite o exibicionismo".

O criador dos "Uritrottoir" – uma mistura entre as palavras francesas para urinol e pavimento – defendeu a sua criação, argumentando que oferece uma solução ecológica para a "urina no espaço público". O dispositivo é essencialmente uma caixa com uma abertura frontal, onde se urina. Na parte de cima, estão arranjos florais, e por debaixo, está a palha, que juntamente com a urina servirá de fertilizante em parques e jardins públicos.

Os habitantes da ilha de Saint-Louis, mostram-se irredutíveis perante o utensílio, afirmando que pode denegrir a imagem de um dos bairros mais chic de Paris. "É horrível", reiterou o dono, de 50 anos, de uma galeria de arte próxima. "Disseram-nos que temos de aceitar isto, mas isto é absolutamente inaceitável. Está a destruir o legado da nossa ilha. As pessoas não se sabem comportar?", perguntou o homem.

No entanto, o líder do executivo local, Ariel Weil, insistiu que os dispositivos eram necessários. Os urinóis foram colocados pelas autoridades parisienses em pontos estratégicos, onde o urinar na via pública representa, de facto, um problema, e prometem colocar mais. "Se não tomarmos medidas, os homens vão continuar a fazer xixi nas ruas," afirmou o autarca.

Uma vez que os urinóis são utilizados, na sua esmagadora maioria, por homens, há quem veja esta campanha como um acto discriminatório. "Eles [urinóis] foram instalados segundo um pensamento sexista: Os homens não se conseguem controlar e assim toda a sociedade precisa de se adaptar. É um absurdo, ninguém precisa de urinar na rua", concluiu Gwendoline Coipeault, do grupo feminista francês Femmes Solidaires.

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