Greve de pilotos da Ryanair afecta 55 mil pessoas na Europa e empresa recusa-se a indemnizar passageiros

Cerca de 400 voos foram cancelados em cinco países europeus por falta de pilotos, que exigem melhores condições de trabalho. A greve também afecta voos de outros países que não estão em greve.

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Os pilotos em greve LUSA/JULIEN WARNAND

Sexta-feira foi o pior dia da greve de pilotos da transportadora low-cost: em pleno pico de Verão: cerca de 55 mil passageiros foram afectados na Europa pelo cancelamento de quase 400 voos, por falta de pilotos, que fizeram greve na Alemanha, na Suécia, na Bélgica, na Holanda e na Irlanda. Só na Alemanha, foram 42 mil passageiros que ficaram sem voos, posteriormente reagendados ou reembolsados. Ainda que a greve esteja a acontecer nestes países, há voos cancelados em outros aeroportos europeus. Na origem da contestação dos trabalhadores está a falta de negociação dos salários e o pedido de melhoria das condições laborais, o que implicaria um aumento de despesas para a transportadora.

Em resposta, a Ryanair disse que a greve era “lamentável e injustificável”, e que a companhia se tinha esforçado em resolver o conflito. Referiu ainda que 85% dos voos marcados operariam de forma normal no sábado e que a maior parte dos passageiros afectados teriam lugar noutros voos da Ryanair, ainda que a opção de reembolso também estivesse disponível. A transportadora pediu desculpa aos clientes, mas muitos mostraram-se insatisfeitos com o serviço prestado.

A companhia irlandesa recusou-se ainda a indemnizar os passageiros cujos voos foram cancelados (além do reembolso do bilhete), ao argumentar que a greve dos pilotos é uma “circunstância excepcional”. De acordo com o Regulamento Europeu nº 261/2004, os passageiros dos transportes aéreos devem receber uma indemnização – que pode variar entre os 250€ e os 600€ dependendo da distância do voo –, “salvo quando o cancelamento se deva a circunstâncias extraordinárias que não poderiam ter sido evitadas, mesmo que todas as medidas razoáveis tivessem sido tomadas”.

Michael O’Leary, CEO da empresa, afirma citado pelo diário Le Monde que “a Ryanair cumpre integralmente a legislação”, mas que esta é precisamente uma circunstância extraordinária e que, por isso, segundo a lei, nenhuma indemnização é devida. Acrescenta ainda que o sindicato agiu de maneira “excessiva” e que a situação está “totalmente fora de controlo da companhia aérea”.

A greve desta sexta-feira é uma das mais graves para a empresa, já que é a paralisação simultânea de pilotos de diversos países europeus.

Nos últimos meses, a Ryanair tem-se deparado com paralisações não só de pilotos mas também de tripulantes de cabine. Em Julho, os tripulantes de cabine de Portugal, Espanha, Bélgica e Itália estiveram de greve a 25 e 26 de Julho, o que também levou ao cancelamento de vários voos. No dia 29 de Março e entre 1 e 4 de Abril, houve também uma greve em Portugal organizada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil.

Notícia actualizada às 16h20 de 10 de Agosto com informação sobre a recusa de indemnização dos passageiros por parte da companhia irlandesa Ryanair

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