PCP alerta para "problemas estruturais" e prioriza combate face a "balanços prematuros"

Comunistas dizem que a Serra de Monchique revela é a ausência de uma orientação e de um investimento estrutural na organização da floresta e o aumento da massa combustível.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

O PCP sublinhou nesta quarta-feira os "problemas estruturais", dando prioridade ao "combate às chamas" sem querer "fazer balanços prematuros" sobre o incêndio florestal que lavra desde sexta-feira na região algarvia de Monchique.

"O tempo é de dar combate às chamas e não de fazer balanços prematuros. As razões que expliquem porque é que com a concentração de meios que tem sido possível assegurar no terreno, o fogo prossegue sem dar tréguas, ficarão para avaliação posterior designadamente quanto a aspectos de natureza técnica e de comando", disse fonte oficial comunista.

O primeiro-ministro, António Costa, estimou hoje que o incêndio de Monchique vai prosseguir nos próximos dias, considerando que este fogo foi "a excepção que confirmou a regra" do sucesso da actual operação de combate, durante o balanço da resposta operacional e das medidas adoptadas pelas várias entidades na sequência da onda de calor registada nos últimos dias, que decorreu na Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Carnaxide, Lisboa.

"O que a situação confirma são os problemas estruturais com que a floresta e o seu ordenamento se confrontam. Na verdade, 15 anos depois do grande incêndio de 2003, o que a Serra de Monchique revela é a ausência de uma orientação e de um investimento estrutural na organização da floresta e o aumento da massa combustível, designadamente, eucaliptal que não tem parado de aumentar", continuou a mesma fonte do PCP.

Os comunistas manifestaram ainda "solidariedade com a população, os bombeiros e outros agentes da protecção civil", garantindo que vão intervir "para assegurar, no mais curto espaço de tempo, a resposta às perdas ocorridas e prosseguirá a sua acção para que se concretizem as soluções para a valorização do mundo rural e o desenvolvimento do País".

O incêndio em causa rural deflagrou na sexta-feira à tarde em Monchique, no distrito de Faro, e lavra também nos concelhos vizinhos de Portimão e Silves.

Segundo um balanço feito na manhã desta quarta-feira, há 32 feridos, um dos quais em estado grave (uma idosa internada em Lisboa), e 181 pessoas mantêm-se deslocadas, depois da evacuação de várias localidades.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram mais de 21.300 hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência directa do comandante nacional da Protecção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.

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