A impossível neutralidade do canto na rentrée do Bloco de Esquerda

Fórum Socialismo 2018 realiza-se entre os dias 31 de Agosto a 2 de Setembro, em Leiria. Ao todo, bloquistas terão 50 debates temáticos à escolha. E há dois deputados do PS e um do PAN convidados para intervir.

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Catarina Martins intervém no encerramento do Fórum Socialismo 2017 - Debates para a alternativa LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Está fechado o programa e o elenco do Fórum Socialismo 2018, o encontro que tem marcado o regresso dos bloquistas às líderes políticas e partidárias após as férias do Verão. Este ano, o evento terá cerca de 50 sessões - debates e mesas redondas - sobre temas que incluem a sexualidade, o trabalho, o ambiente, a habitação, a Europa e até o canto. Realiza-se de 31 de Agosto a 2 de Setembro, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

"Aquilo que o Bloco escolhe para a sua rentrée marca também a sua natureza e a forma como pretende fazer a estar na política", diz ao PÚBLICO a deputada bloquista Mariana Mortágua. "E este é um momento de debate aberto e plural em que aproveitamos para criar pensamento".

O cantautor José Mário Branco - "que foi um enorme activista político através da sua música", como diz Mariana Mortágua - é um dos convidados do fórum e poderá ser ouvido pelos participantes no último dia do encontro, 2 de Setembro, imediatamente antes da sessão de encerramento que ficará a cargo da coordenadora Catarina Martins. Em vez de cantar, José Mário Branco discorrerá sobre a impossível neutralidade do canto e sobre a situação política nacional. 

A abertura do Fórum Socialismo 2018, na noite de 31 de Agosto, será assegurada pelo dirigente bloquista Luís Fazenda e pela eurodeputada Marisa Matias, com intervenções sobre o estado actual das políticas europeias, sem deixar de fora a ascensão da extrema-direita em alguns países e a xenofobia. Também um representante do Sinn Féin irlandês terá a palavra nesta noite.

Nos restantes dias, estão ainda previstas intervenções de Celso Cruzeiro, para falar sobre o estado da justiça; Pezarat Correia e José Manuel Rosendo sobre o mundo em guerra; ou Ana Matos Pires e Rita Oliveira, sobre a saúde mental em Portugal. O tema actual da interioridade e do combate aos incêndios será abordado por Fernando Oliveira Batista. E o ambiente terá muito tempo de antena em sessões sobre a poluição nos rios, a escassez de água, a exploração de petróleo em Portugal, a transição energética ou a floresta e os serviços públicos.

As questões relacionadas com a habitação também não ficarão de fora do encontro, nem mesmo depois da polémica que envolveu Ricardo Robles em Lisboa e que ditou a sua renúncia ao cargo de vereador. "A habitação continua a ser um dos temas prioritários para o BE. O Bloco tem muitas propostas e muito passado sobre essa matéria. Nada mudou", confirma Mariana Mortágua, assegurando que, no domingo, haverá um debate intitulado "Gentrificação, resistir aos despejos - As lutas pela habitação".

Por confirmar está ainda a presença do jornalista angolano Rafael Marques numa mesa redonda sobre a mudança política em Angola. 

Algumas das 50 sessões previstas para os três dias acontecerão em simultâneo. No sábado (entre as 10h e as 19h) e no domingo (entre as 10h e as 15h45) haverá sempre entre cinco e sete debates ou mesas redondas ao mesmo tempo, com a duração de hora e meia cada.

Além dos convidados especiais, o fórum de ideias que marca a rentrée do BE terá como oradores alguns elementos do partido. O líder parlamentar Pedro Filipe Soares e os deputados José Soeiro, Maria Manuel Rola, Joana Mortágua, João Vasconcelos, Sandra Cunha, Heitor de Sousa, Moisés Ferreira e Isabel Pires farão intervenções, assim como alguns fundadores e dirigentes bloquistas como Francisco Louçã, Fernando Rosas, José Gusmão, Mário Tomé e Luís Leiria.

Mas como nem só de bloquistas vive a rentrée do Bloco, foram convidadas as deputadas socialistas Idália Serrão e Isabel Moreira para participarem em sessões sobre adição e protecção à infância e sobre o direito à morte assistida, respectivamente. Nesta última, marcarão também presença o deputado do PAN André Silva e o médico Bruno Maia. "É uma boa altura para convidar outras pessoas que não são do Bloco. São técnicos, académicos, activistas e até militantes de outros partidos que vão intervir sobre áreas em que temos tido posições conjuntas e comuns e que gostaríamos de reforçar", conta Mortágua.

A História terá alguns capítulos na rentrée do BE, com António Louçã a recordar La Lys e a participação portuguesa na I Grande Guerra; Mário Tomé e Joana Lopes a debaterem os 50 anos do Maio de 68 e as suas consequências para Portugal; e Fernando Rosas a discutir os paralelismos entre o fascismo dos anos 30 e a actualidade.

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