Ordem denuncia aumento dos internamentos em maca no hospital de Gaia

Situação foi agravada pelo calor. Nesta segunda-feira de manhã havia 20 utentes internados em macas na urgência. Hospital diz que está para breve a reestruturação do fluxo interno de doentes.

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Rui Gaudêncio

Os internamentos em maca no Serviço de Urgência do Hospital de Vila Nova de Gaia aumentaram de dez para 19 doentes no espaço de três dias, denunciou a Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros.

De acordo com dados recolhidos pelo presidente do conselho directivo da secção regional da ordem, João Paulo Carvalho, às 22h de domingo eram 20 os doentes internados em macas, enquanto às 8h desta segunda-feira eram 19.

Na sexta-feira passada a Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros tinha descrito à agência Lusa a existência de dez doentes internados em macas no Serviço de Urgência do Hospital de Vila Nova de Gaia.

Também via mensagem electrónica, a mesma fonte avançou ter conhecimento de que a equipa de gestão de camas do hospital em causa, composta por um médico e um enfermeiro, estava esvaziada por ambos os profissionais se encontrarem de férias.

João Paulo Carvalho disse ter conhecimento de que enquanto se mantêm doentes internados no Serviço de Urgência existem 45 vagas nos serviços.

"Lamentamos esta situação, porque o hospital disse que ia tratar, que ia resolver, e nada está resolvido. Não está a ser dada resposta. Os responsáveis, tendo sido confrontados, com o que está a acontecer, não resolvem o problema. Aliás, este tem-se agravado", disse à Lusa o presidente do conselho directivo.

A Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros mantém, assim, a intenção de escrever ao Ministério da Saúde a denunciar o caso. João Paulo Carvalho avançou que pretende enviar o relatório que está a ser redigido à Ordem dos Médicos de forma a que esta entidade "possa intervir no que diz respeito à classe médica".

Situação agravada pelo calor

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) afirmou, em resposta escrita, que "está actualmente em aprovação um procedimento de reestruturação referente ao fluxo interno dos doentes que recorrem ao Serviço de Urgência".

"O número de doentes registado hoje da parte da manhã é frequente no dia de semana em causa [segunda-feira] situação agravada pelas temperaturas adversas do fim-de-semana", refere.

O CHVNG/E garante que "a equipa do Serviço de Urgência, como habitualmente, está a transferir os doentes para as unidades de internamento" e reafirma ter "confiança plena nos seus profissionais e Directores de Serviço agradecendo o esforço e empenho que têm demonstrado na melhoria do serviço aos doentes".

Na semana passada, também a propósito deste tema, o CHVNG/E, em comunicado, garantiu que o internamento de doentes em macas estaria "resolvido" no fim desta semana.

O Conselho de Administração do CHVNG/E confirmou que existem doentes internados em macas no Serviço de Urgência, descrevendo a situação como uma "prática incorrecta que se iniciou em 2015" e garantiu: "Este problema estará resolvido no fim da próxima semana" em nota datada de sexta-feira.

"Não faz sentido nenhum que doentes estejam internados em condições não seguras, sem comodidade e sem dignidade, quando existem camas livres no hospital. Achamos que estão a falhar no serviço à população", disse por sua vez, na semana passada, João Paulo Carvalho da Ordem dos Enfermeiros, enquanto o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, admitiu que pretende visitar esta unidade hospitalar e lamentou uma situação que adjectivou de "crónica".

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