De onde vêm os diamantes azuis? De um sítio bem profundo da Terra

Os valiosos diamantes azuis formam-se profundidades de pelo menos 660 quilómetros.

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Diamante Hope agora exposto no Museu Nacional Smithsonian de História Natural, nos EUA Jason Reed/Reuters
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Os cientistas analisaram mais de 40 diamantes Evan M. Smith/2018 GIA
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A tonalidade azul destes diamantes vem do elemento químico boro McMurtry/2018 GIA

O diamante Hope – apelido de um dos seus antigos proprietários – é um diamante azul raro e uma das jóias mais famosas do mundo. A sua história é uma encruzilhada, pois já passou pelas mãos de monarcas, banqueiros, herdeiros e ladrões antes de ficar exposto para todos nós no Museu Nacional Smithsonian de História Natural, em Washington (Estados Unidos). Mas a sua história geológica é ainda mais complexa, de acordo com um estudo publicado esta semana na revista Nature, que analisou estas gemas raras e valiosas.

Os diamantes azuis (classificados com o tipo IIb) são apenas 0,02% dos diamantes extraídos da Terra mas fazem parte de algumas das jóias mais valiosas do mundo. Ao todo, os cientistas analisaram 46 desses diamantes, incluindo um da África do Sul que foi vendido por cerca de 21 milhões de euros (25 milhões de dólares) em 2016. Algumas pistas sobre o seu local de origem estavam em minúsculos fragmentos de minerais aprisionados nos diamantes. A equipa verificou então que estes diamantes podem ter-se formado a profundidades de, pelo menos, 660 quilómetros, alcançando assim o manto inferior da Terra

Os diamantes são uma forma cristalina de carbono puro, que foram formados sob enorme calor e pressão. Quanto aos diamantes azuis, estes foram cristalizados junto de minerais portadores de água que há muito tempo faziam parte do fundo do mar e que foram empurrados para grandes profundidades durante o movimento inexorável das placas tectónicas que formam a superfície da Terra.

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Os diamantes azuis são apenas 0,02% dos diamantes extraídos da Terra Jae Liao/2018 GIA

Os cientistas já sabiam que estes diamantes adquirem a tonalidade azul devido ao elemento químico boro. Este recente estudo acrescenta: esse boro já esteve na água do oceano e incorporou-se na rocha do fundo do mar que, durante milhões de anos, se moveu para profundidades maiores no subsolo.

“Esta foi a primeira vez que alguém apresentou uma história ou um modelo baseado em factos sobre como os diamantes azuis se formaram. Antes deste estudo, não tínhamos ideia onde eles se formavam, em que tipo de rochas hospedeiras se formavam ou de onde recebiam o boro”, afirma Evan Smith, cientista do Instituto Gemológico da América (Estados Unidos), que liderou a investigação.

A maioria dos diamantes não é completamente incolor, muitas vezes possui leves tonalidades amareladas. Embora sejam raros, alguns podem ter ainda tonalidades proeminentes, por exemplo, de amarelo, castanho, rosa e verde. Cerca de 99% de todos os diamantes formam-se aproximadamente entre os 150 e os 200 quilómetros debaixo do solo – profundidades mais superficiais do que os diamantes azuis. “Estes diamantes estão entre os mais profundos que alguma vez encontrámos”, diz Steven Shirey, geoquímico do Instituto Carnegie para a Ciência, nos Estados Unidos.

Além do diamante Hope, em exibição no Museu Nacional Smithsonian de História Natural, há outro diamante azul muito conhecido: chama-se Oppenheimer Azul e foi vendido em 2016 por 49,2 milhões de euros. Na altura, esse foi o preço de licitação mais alto para uma jóia, que pelos vistos veio de um sítio bem profundo da Terra.

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