Dias de 40 graus e noites tropicais põem país em alerta

Temperaturas podem atingir “máximos históricos”. Autoridade Nacional de Protecção Civil diz que está preparada, mas avisa que o combate também depende dos cidadãos.

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Nuno Ferreira Santos

No distrito de Évora, os termómetros devem chegar nesta quinta-feira aos 45 graus. À noite, não devem baixar dos 21. Também a escaldar, estarão Vila Real, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Lisboa, Portalegre, Setúbal e Beja. Todos com mais de 40 graus de temperatura máxima o que explica o alerta laranja — situação meteorológica de risco moderado a elevado — lançado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Braga, Bragança, Guarda e Leiria, completam a lista de distritos em alerta laranja até quinta-feira, pelo menos.

Fora da lista, em alerta amarelo (risco para algumas actividades dependentes da situação meteorológica), ficam Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Viseu e Faro.

Este cenário de dias quentes e noites tropicais — só no Continente — deve manter-se pelo menos até sábado, disse Nuno Moreira, do IPMA, durante uma conferência de imprensa que juntou, ontem, a Autoridade Nacional para a Protecção Civil (ANPC), a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e o IPMA.

O especialista avisou que a mudança será “brusca”. “Em poucos dias vamos passar para temperaturas bastante acima dos valores habituais”, quando nas últimas semanas se registavam temperaturas abaixo das típicas para a época. Em alguns lugares, prevê-se até que possam ser atingidos “máximos históricos”. Ainda assim, a situação não é novidade e já aconteceu noutros Verões.

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Concelhos como Mourão, Mora, Évora e Reguengos de Monsaraz, todos no distrito de Évora, serão particularmente afectados por esta massa de ar quente e seco vinda do Norte de África, com os termómetros a chegar aos 46 graus em alguns dias.

Nas ilhas, fora da influência da massa que atravessa o Continente, as temperaturas não deverão ultrapassar os 30 graus. No início da semana, Joana Sanches, meteorologista do IPMA, explicava, em declarações à agência Lusa: “Vamos ter uma região depressionária a oeste de Marrocos, que leva à intensificação de uma corrente de leste que vai trazer uma massa de ar quente e seco.”

É este quadro de temperaturas elevadas, ao qual se junta a previsão de baixa humidade relativa, pouca probabilidade de chuva e alguma incerteza quanta a trovoadas, que fazem com que o risco de incêndio para os próximos dias seja elevado.

Da parte da Protecção Civil, os distritos do interior Norte, Centro e Sul estão todos em alerta amarelo (até ao fim do dia de hoje) para o risco de incêndios rurais. Todos os outros estão em alerta azul. A tendência será de “incremento” do estado de alerta nos dias seguintes.

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“Tolerância zero”

Durante a conferência, Patrícia Gaspar, da ANPC, pediu “tranquilidade” aos cidadãos. E assegurou que há um trabalho que está a ser feito, entre diferentes instituições, no sentido de antecipar potenciais ocorrências.

No terreno, está a ser feita a monitorização de zonas onde se sabe que, historicamente, a probabilidade de uma ignição tomar grandes proporções é maior e até já há veículos equipados pré-posicionados nestas áreas, para que o combate seja mais célere. Além disso, há dois aviões de avaliação e reconhecimento que sobrevoam algumas áreas no sentido de facilitar o combate às chamas, explicou.

Mas Patrícia Gaspar também lançou um alerta: é importante que os cidadãos conheçam os riscos associados a esta época do ano. É preciso “adequação do comportamento à situação”.

É que apesar da prontidão, “o dispositivo responderá tanto melhor quanto menor for o número de ocorrências” ressalvou Patrícia Gaspar lembrando que no ano passado, a 15 de Outubro, se ultrapassaram as 500 ocorrências num só dia. É aqui que o papel dos cidadãos na prevenção dos incêndios é crucial: “A maior parte das ocorrências tem intervenção humana.” E, por isso, haverá “tolerância zero” ao uso de fogo. “Qualquer pequena faísca pode potenciar um grande incêndio.”

Perto de zonas florestais, a ordem é para não fumar, não fazer queimadas e não usar equipamentos que possam provocar algum tipo de ignição.

Quem estiver próximo de algum fogo, deve “evitar a tentação de ir para os locais onde os incêndios estão a deflagrar”. Os que vivem nas aldeias abrangidas pelo programa Aldeia Segura, devem ter “sempre presente onde é o local de refúgio, o que levar, fechar portas e janelas das casas, retirar equipamentos que possam arder”.

E para quem vai viajar...

De resto, a melhor estratégia para fintar os dias que se adivinham é beber muita água (sumos e refrigerantes não contam), evitar bebidas alcoólicas, usar roupa larga, não estar exposto ao sol nas horas de maior calor e usar protector solar. Quanto a crianças, pessoas de mobilidade reduzida e idosos, a atenção deve ser redobrada, uma vez que ficam mais vulneráveis a estas condições.

A mudança de quinzena, altura em que muita gente vai ou regressa de férias e por isso se faz à estrada, mereceu atenção especial de Diogo Cruz, subdirector-geral da DGS. Os conselhos são simples: conduzir nas horas de menor calor, com vidros abertos se não houver ar condicionado e “nunca” deixar crianças, idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou animais fechados dentro dos carros.

A mensagem da DGS é de que nos devemos manter “informados, hidratados e frescos”. Em caso de dúvida, o ideal é recorrer à linha da saúde 24 (808 24 24 24).

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