Director executivo da CBS acusado de assédio sexual em investigação da The New Yorker

Canal de televisão anunciou, mesmo antes da publicação do artigo, que vai investigar as suspeitas contra Leslie Moonves.

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Les Moonves, à direita, com a sua mulher, Julie Chen Reuters/Kevork Djansezian

Seis mulheres com ligações profissionais ao director executivo da cadeia televisiva norte-americana CBS, Leslie Moonves, afirmaram que este as assediou sexualmente há mais de 20 anos — facto que Moonves não negou, segundo a revista The New Yorker.

Quatro das seis mulheres asseguraram que durante reuniões de trabalho houve beijos e carícias não solicitados por parte de Moonves, afirmando ainda que esta era prática habitual do executivo de televisão.

Duas outras afirmaram que Moonves, agora com 68 anos e no actual cargo desde Fevereiro de 2016, as intimidou fisicamente ou ameaçou destruir as suas carreiras, acrescentando o artigo da revista norte-americana que este se tornou hostil depois de ver recusados os seus avanços.

Citada na reportagem da The  New  Yorker, a actriz e escritora Illeana Douglas, que conheceu Moonves em 1996, quando era responsável pelo departamento de entretenimento da CBS, disse que o que se passou no seu caso foi “uma agressão sexual” que resultou no seu despedimento por ter rejeitado os intentos de Moonves.

O artigo assinala que estas mulheres temiam que as denúncias pudessem resultar em represálias por parte de Moonves, “conhecido pela sua habilidade em criar e destruir carreiras” e o qual se converteu numa das vozes a favor do movimento #MeToo (#EuTambém, na tradução em português, e usado como frase chave o movimento de denúncia e combate a assédio sexual de mulheres desencadeado pelas denúncias contra o produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein).

O texto da The  New  Yorker recorda que, em Dezembro de 2017, Moonves ajudou a fundar a Comissão para Eliminar o Assédio Sexual e o Desenvolvimento da Igualdade no Trabalho, criada por instituições e personalidades do mundo do espectáculo depois de conhecidas as acusações contra Weinstein.

À revista norte-americana, Moonves garantiu que nos seus anos na CBS promoveu “a cultura do respeito e oportunidades para todos os empregados” e que “de forma consistente” tiveram “êxito com mulheres a ascender a altos cargos executivos”.

“Reconheço que houve ocasiões há décadas em que posso ter tido abordagens incómodas para algumas mulheres. Foram erros que lamento profundamente”, disse Moonves, que acrescentou que sempre entendeu que “não é não” e que nunca usou a sua posição para prejudicar ou bloquear qualquer carreira.

Antes de ser divulgado o artigo na revista, que foi antecipado por outros jornais e canais de televisão norte-americanos, a administração da CBS anunciou que vai investigar as suspeitas de que o seu director executivo é alvo.

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