Da mera reabilitação ao foco nas artes multimédia, já há projectos para S. Geraldo

Hoje inactivo, o cineteatro vai-se reinventar como coração das artes multimédia, categoria que elevou Braga a Cidade Criativa da UNESCO. Com mais ou menos foco na tecnologia, já há quatro projectos preliminares apresentados para o ‘novo’ S. Geraldo, com verbas que se estendem dos 2,8 aos 4,8 milhões de euros.

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Com uma fachada ainda intacta, voltada para o Largo Carlos Amarante, mas um interior degradado, o cineteatro S. Geraldo pode, num futuro próximo, recuperar a dignidade, reabrindo ao público enquanto sala que mantém uma configuração mais similar àquela que acolheu os seus primeiros espectadores, em 1917, tendo uma plateia com 350 lugares e um balcão com 192 e custando 2,8 milhões de euros (sem IVA). Mas, com um investimento de 4,8 milhões, também sem IVA, o edifício também pode vir a albergar um espaço ora com um auditório até 400 lugares, ora com um espaço em pé para 900 pessoas, coroado com um aumento de volumetria para acolher um “território” de 368 metros quadrados dedicados exclusivamente às artes multimédia, campo que valeu à cidade o reconhecimento da UNESCO, a 31 de Outubro de 2017.

Estas são duas das quatro versões preliminares apresentadas ao público, nesta segunda-feira, no Gnration, para requalificar o S. Geraldo, edifício pertencente à Arquidiocese de Braga que se vai transformar num espaço cultural, depois de arrendado à Câmara. Não sendo ainda certo que o projecto final de reabilitação seja qualquer um dos projectos divulgados, a coordenadora da candidatura de Braga a Cidade Criativa da UNESCO, Cláudia Leite, admitiu que a ideia mais cara é a que valoriza mais o espaço: pode acolher concertos, espectáculos e ‘performances’, e, ao mesmo tempo, um “espaço único na Península Ibérica” a nível das artes multimédia. A também administradora do Theatro Circo reconheceu, no entanto, que, apesar de estar a par de um financiamento do programa Horizonte para reabilitação de edifícios, não tem a certeza se haverá dinheiro para avançar e se essa proposta se enquadra até no posicionamento desejado pela autarquia.

Caso seja construída, essa sala, acrescentou o arquitecto Gonçalo Louro, um dos autores dos projectos provisórios, vai funcionar como uma espécie de “black box”, dotada com condições técnicas para acolher obras que envolvam o espectador numa “experiência audiovisual imersiva”. Das quatro opções, há uma outra que prevê uma nova sala com esse intuito, mas à custa do balcão da sala, retirando, ao mesmo tempo, capacidade à sala principal – teria 238 lugares. Esta opção está, por isso, praticamente excluída, admitiu Cláudia Leite. “Achamos que não faria muito sentido. Essa versão é a mais limitadora. Não faz muito sentido a recuperação nesse contexto”, considerou.

A outra versão divulgada, com um custo a rondar os 3,2 milhões, aproveita o facto de o S. Geraldo estar neste momento sem auditório, para criar um auditório com bancada retráctil até 420 lugares e um espaço em pé para 750 pessoas, ao qual se juntam os lugares disponíveis no balcão.

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