Queda do turismo britânico “preocupa” Governo

Ana Mendes Godinho referiu que quebra "preocupa, porque é um dos principais mercados", mas lembrou que "a grande aposta tem sido a diversificação" na origem dos turistas que visitam Portugal.

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Mario Lopes Pereira

A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, admite que a queda do número de turistas britânicos em Portugal preocupa, estando em curso campanhas de promoção do destino, e lembrou que a aposta na diversificação de mercados tem levado a crescimentos significativos.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje que o mercado britânico, com 22,7% do total das dormidas de não residentes em Maio, recuou 9,0%, tendo nos primeiros cinco meses do ano apresentado uma diminuição de 7,4%. No início deste mês, com base nos dados até Abril, o PÚBLICO avançara já que o turismo britânico estava em queda há sete meses consecutivos.

Levada hoje a comentar a queda do número de turistas britânicos, à margem do lançamento de uma nova campanha de promoção turística, Ana Mendes Godinho referiu que este assunto "preocupa, porque é um dos principais mercados", mas lembrou que "a grande aposta tem sido a diversificação" na origem dos turistas que visitam Portugal.

Esta diversificação tem tido "resultados porque (...) estamos a conseguir continuar a crescer, apesar da queda do mercado britânico", acrescentou.

"O que estamos a fazer é, neste momento, campanhas especiais, direccionadas ao Reino Unido, concretamente aos destinos que são os destinos mais influenciáveis pela concorrência [sobretudo Egipto, Tunísia e Turquia], que são o Algarve e a Madeira. (...) Uma campanha especial dedicada a estes destinos, com operadores, com companhias aéreas, mas apostando cada vez mais em posicionar os nossos destinos pela qualidade e não pela massificação", reforçou a governante.

Na quinta-feira, sobre o Reino Unido, a propósito das estimativas para o Verão, também a presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, admitiu que tem estado a acompanhar este mercado "com particular atenção" por várias razões.

Desde logo, "o facto de ser um mercado que em termos de dimensão é o nosso primeiro mercado emissor, com uma quota de 22,3%, mais ainda no Algarve e na Madeira, onde representa 40,3% e 28,4%, respectivamente, da quota de mercado, o impacto ainda a estimar do 'Brexit', particularmente na vertente de desvalorização da libra, mas não só", acrescenta.

A recuperação de destinos concorrentes de sol e praia e a falência de algumas companhias aéreas -- Monarch, Air Berlin e Niki -- revestem também, em sua opinião, preocupação.

No inquérito realizado pela AHP, os hoteleiros já perspectivam que haja uma quebra significativa no verão deste mercado na Madeira e Algarve.

Mas, hoje, o INE destacou também o "crescimento assinalável" de turistas oriundos dos mercados norte-americanos que visitam Portugal e que em Maio voltaram a subir 18,3%. O mercado brasileiro representou a segunda maior subida, 10%.

Nos primeiros cinco meses do ano, o realce vai igualmente para os mesmos mercados (20,5% e 12,6%, respectivamente) e ainda para o canadiano (12,7%).

"O mercado dos EUA [país onde recentemente se têm lançado várias campanhas de promoção] tem, de facto, vindo a crescer muitíssimo, mas não é só -- é o mercado brasileiro, o canadiano, o italiano e o chinês, este último que no INE ainda não aparece decomposto -- e isto muito fruto da grande aposta que temos feito nas acessibilidades aéreas", afirmou a secretária de Estado do Turismo.

"Se temos ligações aéreas mais competitivas, claramente conseguimos crescer mais. Um exemplo: nos últimos dois anos e meio, as ligações aéreas para os EUA duplicaram e o resultado prático é que o número de turistas americanos duplicou também. Passámos de 300 mil em 2015 para mais de 600 mil em 2017 e este ano vamos superar esse número", concluiu Ana Mendes Godinho.

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