Os gelados dos amigos italianos já chegaram ao Chiado

O sonho deles era que a quinta de Itália produzisse frutos suficientes para fazerem todos os gelados que a Grom vende pelo mundo. Para já, enquanto isso não é possível, querem reduzir a sua pegada ecológica com copos, colheres e palhinhas biodegradáveis.

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Rita Rodrigues
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 Esta é uma daquela histórias com um litro de oportunidade, uns gramas de acaso, uma pitada de ousadia, ligadas pelo braço forte do trabalho. Se Guido e Federico não tivessem pegado num jornal e lido que as terras outrora conhecidas pelo bom gelato estavam a deixar de o ter, substituindo-o por uma outra coisa qualquer mascarada pela tradição, não havia hoje a Grom.

No início do milénio, em Itália, Guido Martinetti, o criativo, e Federico Grom, o gestor, quiseram provar que o gelado à moda antiga — “il gelato come una volta” — não era coisa do passado.

Estávamos em 2002 quando esta dupla pôs as mãos no frio para devolver aos italianos o verdadeiro gelado. Começaram por abrir uma pequenina loja, em Turim, que ainda hoje está de portas abertas. A partir daí começaria a odisseia dos amigos italianos para fazer chegar o gelato da Grom a todo o mundo. Dezasseis anos depois, têm cerca de 100 lojas em todo o mundo. A mais recente está em Lisboa, no 42 da Rua Garret.

“Estivemos muito tempo à procura de um espaço em Lisboa”, diz Patrícia Neto, responsável pela loja em Portugal, ao guiar-nos pela pequenina loja do Chiado, que tem como vizinhos outros colossos da arte: Santini e Amorino.

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Em Mura Mura deixa-se a natureza ter o seu tempo

Um dia a mãe de Federico entrou-lhes pela casa dentro com uns pêssegos do quintal, daqueles feios, cheios de buraquinhos, no braçado, para que Guido os transformasse em gelado. O resultado “foi muito melhor que o gelado que eles já faziam”, conta Patrícia.

Foi por isso que decidiram criar uma quinta, para começar do início: plantar a semente na terra. Começaram com uma quinta pequena, a Mura Mura, entre as áreas Langhe e Monferrato de Piemonte, em 2007. Hoje têm uma propriedade com mais de 18 hectares, certificada, onde não entram químicos. Onde deixam a natureza ter os seus tempos.

A quinta ainda não é auto-suficiente para abastecer o império que os dois amigos criaram no mundo. A Unilever comprou a marca em 2015. Hoje, o império da Grom tem cerca de 100 lojas pelo mundo. A grande maioria está em Itália e França. Em Londres abriram uma há pouco tempo e agora é a vez de Lisboa.

“É um país que vende bem gelados e um país de entrada na Europa”, continua Patrícia, reconhecendo que demoraram dois anos a abrir a Grom em Lisboa.

Na estreita loja do Chiado, onde há espaço apenas para pedir o gelado e sair para as ruas da capital, é Guilherme o mestre da produção ao serviço. Pega nas bases do gelado que saem de perto de Turim para todo o mundo. Foi lá que os dois amigos começaram uma fábrica, em Mappano, onde se produzem as bases para todos os sabores. É assim que Guido e Federico garantem que o gelado é igual em qualquer parte do mundo. E que se mantenha fresco, como o gelado feito em casa.

Durante a noite, descongelam-se essas misturas e de manhã começam-se a bater na Carpigiani, a máquina que lhes confere a textura e a cremosidade, às quais são depois acrescentados os toppings sólidos, seja chocolate ou bolacha.

Todos os dias são produzidos 16 sabores, entre sorvetes e os gelados, livres de glúten. A estrela da casa é o crema di grom, feito com creme custard e bolachas de chocolate, que também se podem comprar na loja. Há opções de frutas, como o damasco, framboesa, morango ou sorbet de limão, e outros sabores como iogurte, caramelo salgado, café, baunilha, pistácio, chocolate negro.

Há quatro tamanhos disponíveis, consoante a gulodice de cada um: o pequeno (3,50€), o médio (4,50€), o grande (5,50€) e ainda o maxi (7€). Para quem quiser levar para casa, a Grom tem embalagens de take away pequenas (8,50€), médias (12€) e grandes (24€).

Os cones também chegam de Itália. Os premium, envolvidos em chocolate e amêndoa, são finalizados na loja. Mas para quem dispensa o cone o gelado pode também ser servido num copo que é biodegradável. Assim como as colheres e as palhinhas.

Há ainda outras especialidades italianas, como o affogato tradicional (entre os 5 e 6,90€) ou o affogato de Verão — um granizado com gelado (entre 4,40 e 6,40€) e uma sobremesa gelada, a granita siciliana (de 4,40 a 6,40€). No Inverno, haverá chocolate quente e gelados de castanhas caramelizadas ou pêra. A promessa é a de manter estes potes de gelado livres de aromas artificiais e de corantes. Para que assim continuem “orgogliosamente imperfettos”.

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