Southgate e Dalic, os treinadores que não eram para estar no Mundial

Inglaterra e Croácia defrontam-se nesta quarta-feira, em Moscovo, por um lugar na final do Rússia 2018. Para ingleses seria um regresso 52 anos depois, para croatas uma estreia.

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Gareth Southgate LUSA/FELIPE TRUEBA
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Zlatko Dalic LUSA/FELIPE TRUEBA
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Zlatko Dalic LUSA/FELIPE TRUEBA
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Zlatko Dalic Reuters/LEE SMITH
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Zlatko Dalic Reuters/DYLAN MARTINEZ

O triunfo das segundas escolhas é uma narrativa recorrente no desporto. O azar de um é a sorte de outro e a felicidade de muitos. O maior êxito do futebol português é uma história assim, a lesão de uma “estrela” maior que abriu caminho a uma “estrela” inesperada - sem Cristiano Ronaldo, na final do Euro 2016, foi Éder o mais improvável dos heróis. Assim estão Inglaterra e Croácia, as duas selecções que se defrontam nesta quarta-feira, em Moscovo (19h, RTP1), por um lugar na final do Mundial 2018, conduzidas por dois homens que não eram para estar na Rússia. Gareth Southgate e Zlatko Dalic são duas segundas escolhas que as circustâncias elevaram a primeiras escolhas e que aproveitaram a oportunidade no maior palco do futebol mundial.

Quando a Inglaterra começou a sua campanha de qualificação para o Mundial 2018, era outro homem que estava no banco, “Big” Sam Allardyce, o veterano treinador britânico que tinha sido o escolhido para substituir Roy Hodgson, outro veterano que tinha cumprido quatro anos pouco espectaculares na selecção dos "três leões". Allardyce teve uma estreia auspiciosa, com uma vitória, a 4 de Setembro de 2016, sobre a Eslováquia, obtida no limite (aos 90’+5’) com um golo de Lallana. Depois, a 26 de Setembro, veio o escândalo revelado pelo Daily Telegraph que envolvia “Big” Sam e, no dia seguinte, 67 dias depois de o ter contratado, a federação inglesa despediu-o.

A solução imediata veio de dentro. Gareth Southgate, um antigo defesa-central internacional, estava nos sub-21 e foi promovido de emergência para comandar a equipa nos jogos seguintes. Seria um interino enquanto se procurava uma solução definitiva. Um mês depois era ele a solução definitiva, assinando um contrato de quatro anos e com o objectivo imediato de levar a Inglaterra ao Mundial da Rússia, ele que tinha provado pouco como treinador do Middlesbrough – desceu ao Championship depois de três épocas e foi despedido no início da quarta – e como treinador dos sub-21 ingleses. O objectivo foi cumprido sem grandes sobressaltos. A Inglaterra foi primeira do grupo, com apenas dois empates em dez jogos e a melhor defesa (três golos sofridos) da qualificação europeia.

Em verdadeiros apuros estava a Croácia quando teve de recorrer a Zlatko Dalic, um antigo médio que nunca tinha passado da mediania nem como jogador, nem como treinador. Depois de um início promissor, Ante Cacic foi criticado por toda a Croácia após derrotas com Turquia e Islândia e empate com a Finlândia. A qualificação estava em risco e Davor Suker, o presidente da federação croata, lançou a bomba: despediu Cacic e contratou o quase desconhecido Dalic, para uma missão que se pensava impossível, a de ganhar em Kiev frente à Ucrânia com apenas dois dias de trabalho à frente da Croácia, quando um empate bastava para os afastar. Os dois golos de Kramaric, na Ucrânia, deram vida extra ao interino com dois dias no cargo. Seguir-se-ia um play-off com a Grécia que daria o apuramento à selecção croata e que manteria Dalic no cargo, ele que prometera demitir-se caso falhasse a qualificação para a Rússia. Não falhou.

À beira de fazer história

Nesta quarta-feira, em Moscovo, Inglaterra e Croácia são duas selecções com encontro marcado com a história. Para os ingleses é mais um reencontro com a história, o de tentar o regresso a uma final. 52 anos da única campanha verdadeiramente gloriosa que conseguiram num Mundial, o título em 1966 conquistado às custas de Portugal (nas meias-finais) e da Alemanha (na final e com um golo muito duvidoso). “Football is coming home”, é no que os adeptos pensam a toda a hora ao ver esta jovem equipa inglesa, uma das mais jovens do Mundial, a mostrar uma solidez nunca vista nestas últimas décadas em que tinha Beckham, Rooney ou Gerrard, e liderada por um jovem capitão, Harry Kane, que é também o melhor marcador do Mundial.

Esta será também a grande oportunidade da segunda geração de ouro da Croácia de chegar mais longe do que a primeira, em 1998. Nesse Mundial, a Croácia de Suker, Boban e Prosinecki seria eliminada pela futura campeã França, mas ficaria com um terceiro lugar, o melhor que alguma selecção saída da Jugoslávia alguma vez conseguiu fazer em fases finais do Mundial. Esta selecção de 2018 tem artistas do mesmo nível, sobretudo Luka Modric, médio do Real Madrid, que, não goza de grande popularidade no seu país pelo seu envolvimento num escândalo que atingiu altas figuras do futebol croata. Modric não se tem mostrado muito confortável quando lhe perguntam sobre este assunto, mas não haverá melhor oportunidade que este Mundial para a redenção.

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