O vinho quer dar o primeiro passo. Mas é preciso que todo o mundo se lhe junte

No lançamento do Porto Protocol, Adrian Bridge desafiou indivíduos, empresas, organizações de todas as áreas, em Portugal e em todo o mundo, a juntar-se à iniciativa

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LUSA/JOSÉ COELHO

É definido como um movimento empresarial e institucional, e, sobretudo, voluntário, aberto a indivíduos, empresas, e organizações, de todas as áreas, em Portugal e em todo o mundo. O Porto quer assumir-se como o centro onde se pensa e se discute como dar a melhor resposta às alterações climáticas, mas o objectivo é que o Porto Protocol ultrapasse todas as fronteiras, e a indústria do vinho, que se propõe a dar o primeiro passo, reclama estar bem posicionada para liderar o processo. Mas precisa que toda a gente se lhe junte.

Foi precisamente para incitar a essa adesão, e a apoiar a iniciativa de lançar o Porto Protocol “de todas as formas possíveis que estiverem ao vosso alcance”, que Adrian Bridge, o presidente da Taylor, a empresa que deu o pontapé de saída para a organização do Climate Change Leadership, encerrou o discurso com que arrancou a cimeira que trouxe Barack Obama a Portugal. A ideia, frisou, não é estar a debater a existência de alterações e a importância de agir; é, antes, investigar soluções e partilhar resultados.

Para já, como aderentes assumidos a este movimento, estão empresas como a Sonae [proprietária do PÚBLICO] e o Grupo Amorim, a PriceWaterHouseCoopers, o Turismo de Portugal ou a Barbosa e Almeida. A expectativa é que muitas outras se juntem e nem precisam de fazer muitos esforços para isso: basta assumir “que pretendem fazer um pouco mais [no esforço de mitigação das alterações climáticas] do que o que estamos a fazer hoje”. “Todo o contributo, não importa o quão pequena é a ajuda”, exortou. Como recompensa, os aderentes poderão integrar uma plataforma onde serão partilhadas ideias, resultados e experiências. “Muitas empresas trabalharam bastante na procura de soluções que estão a aplicar nos seus negócios, fruto de muito esforço e de uma investigação cuidada. Temos de partilhar entre todos as soluções que estão a fazer a diferença, estimular novas ideias e inspirar todos a tomar iniciativa. Não há tempo, nem necessidade, de reinventar. Se partilharmos os nossos sucessos e experiências, vamos todos beneficiar”, argumentou.

As primeiras felicitações públicas pela iniciativa vieram, compreensivelmente, dos oradores da própria conferência. Irina Bukova, ex-directora geral da Unesco, afirmou que todas as iniciativas que possam aumentar o nível d e alarme e pedir uma maior robustez nos esforços para implementar os acordos de Paris são bem-vindas. “Faz sentido que seja aqui no Porto, património da Humanidade, e com referência ao vale do Douro, que surja esta iniciativa”, disse Bokova, que foi uma das candidatas a disputar a liderança das Nações Unidas com o secretário-geral eleito, António Guterres.

O antigo Vice-Presidente do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas da ONU, Mohan Munasinghe, que nessa função foi co-laureado em 2007 com o Prémio Nobel da Paz, afirmou que a iniciativa que decorreu no Porto “exemplifica o tipo de liderança empresarial que precisamos desesperadamente", para nos colocar "num caminho equilibrado de crescimento ambiental inclusivo”: porque as alterações climáticas acentuam os problemas, os desequilíbrios, os conflitos. “A minha esperança e expectativa sincera é a de que o Porto Protocol seja subscrito por outras indústrias e apoiantes, de forma a tornar-se uma iniciativa mais abrangente para a açcão de combate às alterações climáticas,” afirmou Munansinghe.

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