Macau passa a ter dois marcos do património mundial com as Chapas Sínicas

Assim chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência, as Chapas Sínicas estão agora patentes no Museu das Ofertas Sobre a Transferência de Soberania de Macau.

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LUSA/TATIANA LAGES

Com a abertura da exposição Chapas Sínicas, Macau tem a partir de esta sexta-feira dois "indicadores importantes do património mundial", destacou o director-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

"Macau passou a ter dois indicadores importantes do património mundial: o centro histórico de Macau e agora, também, as Chapas Sínicas", enfatizou Silvestre Lacerda aos jornalistas, durante a abertura da exposição Chapas Sínicas — Histórias de Macau da Torre do Tombo.

As Chapas Sínicas — assim chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência — agora patentes no Museu das Ofertas Sobre a Transferência de Soberania de Macau são um conjunto de documentos em chinês de correspondência oficial trocada entre as autoridades chinesas e as portuguesas em Macau.

Macau passa assim a ter duas representações da sua história classificadas como património mundial. A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) classificou o centro histórico de Macau como Património da Humanidade a 15 de Julho de 2005. Desde 2016, as Chapas Sínicas integram o Programa Memória do Mundo da UNESCO, na sequência de uma candidatura apresentada em conjunto por Macau e Portugal.

Esta correspondência relata, entre outras coisas "o quotidiano das relações entre os portugueses e as autoridades chinesas, entre os portugueses e também outros povos que aportaram [em Macau] como os suecos, russos, americanos, ingleses, holandeses, franceses", explicou o director-geral da DGLAB.

Nas Cartas Sínicas encontram-se desde contratos de trabalho para a organização de um bazar, textos administrativos sobre a justiça e até o combate aos piratas em Macau, que comprovam a cooperação diplomática existente entre os dois povos.

Silvestre Lacerda preferiu focar-se nas histórias sobre o quotidiano da vida em Macau, porque retratam a proximidade de outros tempos entre estas duas culturas separadas por cerca de 10 mil quilómetros.

"Isto é diplomacia, mas é também quotidiano, por isso é que é importante estar nos registos da história do mundo, para que os povos se conheçam melhor e para que o conhecimento seja um factor de cooperação", disse o director-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.

"O objectivo do registo da memória do mundo é dar a conhecer aos diferentes povos as diferentes culturas para que o entendimento e o conhecimento sejam a base do seu relacionamento e não só as relações comerciais e as relações bélicas mas que a cultura possa assumir este papel de distensão das tenções que muitas vezes existem nas sociedades humanas", argumentou.

As Chapas Sínicas correspondem a um total de 3.600 documentos, referentes ao período entre 1693 e 1886, que se encontram na Torre do Tombo, em Lisboa. A partir desta sexta-feira, 102 destes documentos estão patentes em Macau, sendo que 35 foram traduzidos, na época, do chinês para português.

O ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes, de visita de dois dias em Macau, no âmbito do Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa, esteve presente na inauguração desta exposição. Entre os vários convidados, destacou-se a presença do ministro da Cultura e do Turismo da República Popular da China, Luo Shugang.

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