O Open Arms chegou a Barcelona com 59 migrantes a bordo

Os portos italianos e malteses continuam fechados aos navios de socorro, o que obriga a viagens longas até países que recebam os migrantes. "É insustentável", denunciou a organização não governamental Proactiva.

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Navio Open Arms à chegada do porto de Barcelona Toni Albir/EPA
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O navio Open Arms, com 59 migrantes resgatados ao largo da Líbia no sábado, chegou a Barcelona na manhã desta quarta-feira. A cidade espanhola ofereceu-se para o receber depois de Itália e Malta terem rejeitado a embarcação.

A Proactiva, ONG espanhola que realizou o salvamento, fez saber que estão todos bem, mas que alguns têm queimaduras provocadas pelo derrame de combustível nas lanchas em que viajavam.

A operação de identificação dos que chegam foi posta em marcha. Entre o grupo há quatro menores (dois deles desacompanhados) e cinco mulheres. Os migrantes são originários da Palestina, Sudão do Sul, Mali, Síria, Burkina Faso, Costa do Marfim, Eritreia, Egipto, República Centro Africana, Camarões, Etiópia, Líbia, Bangladesh e Guiné. têm agora permissão para permanecer em Espanha  30 dias, enquanto se candidatam a uma autorização de residência ou pedem asilo.

Ricardo Gatti, responsável da ONG e comandante do Astral, veleiro que acompanhou o Open Arms até Barcelona, alertou para o facto de as operações de salvamento das organizações de socorro não estarem preparadas para tanto tempo em alto mar. Em declarações ao El Pais disse também que navegar até Espanha não é sustentável: “A lei determina que depois de um resgate temos de nos dirigir ao porto seguro mais próximo. Navegar 750 milhas náuticas para chegar a um porto é insustentável. São quatro dias em vez de um”.

Anabel Montes, chefe de missão que acompanhou o Open Arms em terra, agradeceu a disponibilidade de Barcelona, mas lamentou que os portos de Itália e Malta continuem fechados. Montes disse que há “centenas de mortos” nas costas do Norte de África.

Itália e Malta recusam-se a deixar entrar nos seus portos navios de ajuda humanitária que transportem migrantes. No mês passado, o navio Aquarius desembarcou os seus passageiros em Valência, depois de ter sido rejeitado pelos dois países. Na semana passada, Malta aceitou que o navio Lifeline, com 230 pessoas a bordo, atracasse em La Valeta, depois de ter estado no mar alto durante quase uma semana. O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, disse na altura que aquela seria uma excepção e que Malta não aceitaria mais barcos. Portugal comprometeu-se a receber uma parte dos passageiros do Lifeline.

Os líderes europeus reuniram-se na sexta-feira para tentarem chegar a um consenso sobre a questão dos refugiados e migrantes. No documento final da cimeira, que deixa questões importantes por resolver, ficou prevista a criação de plataformas de desembarque de migrantes fora da União Europeia, o aumento dos apoios económicos a países do Norte de África e à Turquia e a criação voluntária de centros em território europeu que servirão para identificar as pessoas salvas no Mediterrâneo, onde os imigrantes económicos serão separados dos requerentes de asilo.

“No território da União Europeia, aqueles que são resgatados, de acordo com o Direito Internacional, devem ser acolhidos, com base num esforço conjunto, mediante a passagem por centros controlados e instalados nos Estados-membros, de forma voluntária, onde um processamento rápido e seguro permitiria, com total apoio da UE, distinguir entre pessoas em situação irregular e refugiados", refere o documento final do encontro.

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