Novo IP3 deve ser factor de competitividade e coesão, diz Costa

Primeiro-ministro foi a Penacova para apresentar investimento na estrada e defendeu importância das vias de comunicação para o desenvolvimento da região Centro.

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LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

Mais do que reduzir a sinistralidade, a intervenção de 134 milhões de euros no Itinerário Principal 3 (IP3) deve servir para melhorar a competitividade do território, entende o primeiro-ministro. António Costa foi a Penacova nesta segunda-feira de manhã para apresentar a primeira fase da requalificação e duplicação do IP3. Quando os trabalhos previstos estiverem terminados, o percurso que liga Coimbra a Viseu será feito em menos 22 minutos em relação aos 65 minutos actuais.

E essa redução de um terço, entende Costa, “já seria suficiente para justificar esta obra”. Mas, para além da diminuição da sinistralidade, há mais: “Esta é uma obra central para reforçar a coesão interna da região Centro, mas também para melhorar a competitividade”, uma vez que se facilita o acesso de empresas da zona ao porto da Figueira da Foz, mas também à fronteira com Espanha.

No entanto, se esta “é uma obra necessária”, não é “suficiente para produzir, por si, investimento no interior”, afirmou do palanque António Costa, que abandonou Penacova sem responder a questões dos jornalistas. Para o primeiro-ministro, há um conjunto de aspectos relacionados que podem ajudar a contrair a tendência de desertificação. Para atrair e fixar é necessário criar emprego sendo que, para o fazer, é necessário atrair investimento empresarial. Por sua vez, para que tal aconteça, há necessidade de criar “boas condições de acessibilidade”. As infra-estruturas, defendeu o chefe do governo, são apenas uma ferramenta, representando uma visão estratégica.

Nesse sentido, Costa recordou que foi colocado em discussão pública o Plano Nacional de Investimento para a próxima década, apelando a uma “ampla participação naquelas que devem ser as prioridades do país” de autarcas, empresários ou associações ambientais. A última década demonstrou a necessidade de o fazer, sublinhou. “O caso do IP3 é exemplar desse ponto de vista”, com os seus sucessivos estudos, atrasos e diferentes soluções apresentadas ao longo dos anos.

O primeiro troço, cuja empreitada foi lançada nesta segunda-feira, liga o nó de Penacova à Lagoa Azul deve arrancar em 2019, com a intervenção a prolongar-se até ao ano seguinte. Com os trabalhos no IP3, 85% da estrada terá duas faixas de rodagem em cada sentido, sendo que 12% funcionará com duas faixas num sentido e apenas uma noutro. Actualmente, apenas 21% do percurso entre Coimbra e Viseu é feito com duas faixas em cada sentido. Segundo o calendário avançado pela Infraestruturas de Portugal, a intervenção não ficará completa antes de 2022, numa estrada que, só nos últimos cinco anos, fez 17 vítimas mortais e causou ferimentos com gravidade a 62 pessoas.

Antes de Costa, falou o ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, a quem coube a referência ao óbvio: o lançamento da obra é feito “porventura demasiado tarde para a expectativa da população”. Recordou também que, no final do mês, terá início a operação de estabilização de alguns dos taludes do IP3. Actualmente, parte da estrada apresenta-se degradada, com fissuras no piso e há mesmo faixas cortadas entre o monumento geológico da Livraria do Mondego, à saída do concelho de Coimbra, e as proximidades da barragem da Aguieira.

Viseu desconfia, Coimbra Saúda

Apesar de não haver dúvidas sobre a necessidade de intervenção na via, nas duas cidades ligadas pela estrada, as reacções diferem. Se o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado (PS), vê o investimento com bons olhos, o seu homólogo de Viseu, António Almeida Henriques, declara-se céptico. “Ver para crer”, disse aos jornalistas no fim da apresentação.

Se Machado se refere à apresentação como a “solução mais adequada” e à satisfação em “vê-la finalmente entrar no terreno”, Almeida Henriques lembra que “o que foi aqui agora lançado é 7% do valor” que está previsto investir no IP3. “Esta é a quarta sessão de lançamento a que eu assisto”, lembra o autarca do PSD. E questiona: “Quem é que nos garante que o governo que venha a seguir tem a mesma perspectiva que este governo?”. Isto porque, “numa perspectiva optimista”, a intervenção no IP3 termina no final da próxima legislatura. E se os trabalhos vão beneficiar a ligação entre as duas cidades, há zonas em que isso não acontece, sublinha.

“Não é a solução ideal que gostaríamos”, afirma Almeida Henriques, dando exemplo dos concelhos do interior Norte do distrito de Coimbra, que continuam “sem o seu problema resolvido”. A ligação da A13 (que termina a Sul da cidade de Coimbra) a Santa Comba Dão poderia servir esse propósito, menciona. <_o3a_p>

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