Exame de Português do 9.º ano também teve "novidades" em relação a provas anteriores

Em ano de novidades nas provas de Português, a associação de professores da disciplina alertou que, no caso do 12.º ano, poderão “vir a ter reflexos nos resultados”.

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A prova final de Português do 9.º ano foi realizada por 95.264 alunos Fernando Veludo/NFACTOS

À semelhança do que sucedeu com o exame nacional do 12.º ano realizado no dia 19, também a prova final de Português do 9.º, que foi realizada nesta sexta-feira por 95.264 alunos, apresenta “novidades em relação à estrutura” das que foram realizadas em anos anteriores e o “mesmo se verifica com a cotação atribuída aos grupos”, disse ao PÚBLICO a dirigente da Associação de Professores de Português (APP), Teresa Cunha.

Esta responsável da APP frisou, contudo que “a prova tem em conta as competências de leitura e de escrita e apela a uma concentração acrescida”. “Encontra-se bem elaborada, com critérios de classificação adequados, sendo de louvar o facto de apelar à capacidade de relacionar ideias e de produzir um discurso pessoal e de índole cultural, ao qual não será alheio o tema escolhido para o texto argumentativo do último grupo”, adiantou.

Neste último grupo, que vale 25 pontos em vez dos 30 habituais, propunha-se aos alunos que respondessem a esta questão: “Do teu ponto de vista, é importante estudar o passado da Humanidade?”. O texto de resposta não podia ter menos de 160 palavras nem mais de 260.

A principal novidade da prova apresentada por Teresa Cunha prende-se com o facto de ser pedido aos alunos a “produção de um texto breve, sem que seja apresentado limite de palavras”. No exame do 12.º ano aconteceu o mesmo. No caso do 9.º ano, o texto em causa devia referir-se à estância 40 do Consílio dos Deuses (Os Lusíadas, Canto I).

As novidades do 12.º ano

No seu parecer sobre o exame de Português do 12.º ano, realizado por 74.354 alunos, a APP alertou que as novidades introduzidas poderão “vir a ter reflexos nos resultados”. E destaca duas. No item 7 do Grupo I (parte C) pede-se que os alunos “escrevam uma breve exposição [não há indicação de quantas palavras] na qual distinga o herói em Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do herói em Mensagem, de Fernando Pessoa”, mas a cotação atribuída (16 pontos) é igual às da maioria das questões do mesmo grupo quando se limitam a exigir respostas restritas.

Por outro lado, o grupo III, onde se pede aos estudantes que escrevam um texto “sobre o poder das palavras nas relações humanas”, é cotado “com apenas 40 pontos (nas provas dos anos anteriores, este grupo tem sido contado com 50 pontos), o que perturba as expectativas de professores e alunos”, frisa a APP.

Logo no dia do exame, a 19 de Junho, os alunos ouvidos pelo PÚBLICO deram conta das mudanças registadas, tendo-se mostrado surpreendido com elas. Em resposta, o Instituto de Avaliação Educativa (Iave), o organismo público responsável pela elaboração e classificação dos exames, garantiu que não houve alterações estruturais, apenas ajustamentos. Estes “resultam da análise de resultados de anos anteriores e visam melhorar a validade da prova e das classificações”, explicou então o presidente do instituto, Hélder Sousa.

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