Sindicato dos Médicos quer reduzir horário nas urgências para baixar listas de espera

Jorge Roque da Cunha admitiu a possibilidade de ser realizada uma nova greve dos médicos, defendendo a necessidade de o sindicato e o Ministério da Saúde "voltarem a negociar rapidamente" e de forma "séria".

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O sindicato colocou à entrada do portão do Hospital de São João um outdoor com caricaturas do ministro da Saúde e do primeiro-ministro RICARDO CASTELO/Lusa

Reduzir o horário de trabalho no serviço de urgência e abrir concursos para recém-especialistas são algumas das soluções apontadas nesta sexta-feira pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para diminuir as listas de espera.

Uma diminuição das listas de espera através da redução (de 18 para 12 horas) do horário de trabalho no serviço de urgência permitiria que nessas "seis horas" os médicos estivessem disponíveis para outras actividades, designadamente consultas, cirurgias, acompanhamento dos doentes internados e formação, defendeu o secretário-geral do SIM.

Jorge Roque da Cunha falava aos jornalistas no âmbito de uma acção de sensibilização à população: o sindicato colocou à entrada do portão do Hospital de São João um outdoor' com caricaturas do ministro da Saúde e do primeiro-ministro, onde se lê: "Está a ver senhor primeiro-ministro? São dois anos de espera para consulta! Colocação de médicos sem atraso!"

De acordo com informação que o SIM distribuiu esta manhã à população em panfletos, esta redução das horas semanais dedicadas à urgência permitiria "realizar mais de um 1,5 milhões de consultas e mais de 50 mil cirurgias por ano".

Outra das medidas avançadas por Jorge Roque da Cunha para reduzir as listas de espera são a abertura de concursos para recém-especialistas hospitalares e médicos de família.

Lembrando que o país "já saiu da austeridade", o sindicalista sublinhou que é preciso concretizar medidas "para defender e salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)" e apelou ao Governo para que encare "a saúde como um sério problema".

"Apelamos ao senhor ministro da Saúde e ao senhor primeiro-ministro para que encarem a saúde como um sério problema e para não empurrarem com a barriga todos estes problemas", afirmou, junto ao Hospital de S. João, no Porto, criticando a "incapacidade inqualificável" do ministro Adalberto Campos Fernandes para implementar medidas que permitam reduzir as listas de espera para consultas e para cirurgias.

Jorge Roque da Cunha admitiu a possibilidade de ser realizada uma nova greve dos médicos, defendendo a necessidade de o sindicato e o Ministério da Saúde "voltarem a negociar rapidamente" e de forma "séria".

"As nossas reivindicações, neste momento, não são questões salariais", disse Jorge Roque da Cunha, lamentando que a atitude do ministro da Saúde pareça mostrar que não as considera relevantes. Com esta atitude, avisou o sindicalista, o ministro "está a empurrar-nos para formas de luta mais gravosas, que afectam os nossos utentes e que não queremos repetir".

"A incapacidade do ministro da saúde tem sido perfeitamente inqualificável, parece que nada acontece, está noutro planeta, justifica com o ministro das Finanças. Nós achamos que o Governo é só um e, ou o Governo toma medidas para defender e salvar o SNS ou, os problemas vão-se avolumando e, qualquer dia, as pessoas mesmo mais desfavorecidas não têm acesso à saúde", disse.

Segundo referiu, a "incapacidade que o Governo tem tido em contratar 100 especialistas" faz com que, por exemplo, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, "uma enfermaria de cirurgia vá ser encerrada" ou que, no Hospital de S. João, "12 camas de obstetrícia também" estejam "em risco de serem encerradas".

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