Itália ameaça rever financiamento à UE se nada for feito quanto aos migrantes

Salvini, ministro do Interior de Itália e líder do partido de extrema-direita Liga, pede à Europa que "defenda as fronteiras" dos migrantes vindos de África.

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O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini Reuters/STEFANO RELLANDINI

O ministro do Interior italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, pediu à Europa que “defenda as fronteiras” dos migrantes que chegam do continente africano, ameaçando rever o financiamento à União Europeia se nada for feito, refere o diário britânico The Guardian nesta quinta-feira. “O objectivo é proteger a fronteira externa, não é partilhar o problema com os outros países europeus, mas sim resolver o problema na origem”, afirma Salvini.

“Se alguém na União Europeia pensa que a Itália deve ser um ponto de chegada e um campo de refugiados, estão enganados”, diz, acusando “traficantes humanos e bons samaritanos” de serem os responsáveis pelas mortes no Mediterrâneo.

Matteo Salvini tinha anunciado uma campanha anti-refugiados no início de Junho. “Ou nos dão uma mão para controlar as fronteiras e pôr em segurança o nosso país, ou teremos de escolher outras vias”, exigia, dirigindo-se à União Europeia, enquanto anunciava o encerramento dos portos italianos aos barcos das organizações não governamentais que realizam operações de socorro.

O tema da imigração é um dos que mais mobilizam a base eleitoral da Liga; num comício, Salvini afirmava: “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as malas e partam.” 

Mais tarde, Salvini desviou as atenções do tema dos migrantes para os ciganos no país, mostrando vontade de fazer um recenseamento de todos os ciganos em solo italiano. “Os estrangeiros em situação irregular serão expulsos”, dizia em entrevista à televisão regional TeleLombardia. “Quanto aos ciganos italianos, infelizmente teremos de ficar com eles”, prosseguiu, descrevendo a situação como “um caos”. “Temos de ver quem são, quantos são os ciganos. Fazer um registo civil.” Para um senador do Partido Democrata, Franco Mirabelli, a ideia evocava “a limpeza étnica”. 

Já nesta quarta-feira, o ministro do Interior considerava “repugnante” a campanha publicitária da Benetton, em que são mostradas duas fotografias do resgate dos migrantes a bordo da embarcação Aquarius — a entrada destes migrantes tinha sido negada pelo Governo italiano e pelo Governo de Malta, até que Espanha os acolheu. 

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